CRM pune médicos por erro em cirurgia que deixou filho de vereador em estado vegetativo em Campo Grande

Decisão do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul aplicou suspensão de 30 dias a dois profissionais envolvidos no caso ocorrido em 2022 no Hospital Adventista do Pênfigo.

Por Karol Peralta

O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul (CRM-MS) puniu dois profissionais de saúde envolvidos em um caso de erro médico que deixou o filho do vereador Beto Avelar (PP) em estado vegetativo permanente após uma cirurgia realizada em 2022 no Hospital Adventista do Pênfigo, em Campo Grande.

O julgamento, realizado na noite de quinta-feira (24), analisou um processo de quase quatro mil páginas e resultou na suspensão de 30 dias do anestesiologista Antônio Rodrigues de Pontes Neto e da então diretora da unidade, Karin Kiefer Martins. A medida foi considerada a maior punição possível dentro da competência do conselho regional, já que a cassação definitiva só pode ser determinada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Segundo o parlamentar, a decisão demonstra que o CRM “não foi conivente com a quantidade de erros” cometidos durante o procedimento cirúrgico. “Foi uma decisão colegiada, bem fundamentada e de caráter pedagógico, que deve servir de exemplo para a classe médica”, afirmou Avelar, que acompanhou o processo tanto como pai quanto como advogado.

O caso ocorreu durante uma cirurgia de retirada de amígdalas, quando o paciente Roberto de Avelar Júnior, de 34 anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e não recuperou a consciência. Segundo a apuração do CRM, o anestesiologista deixou a sala de cirurgia e delegou funções a uma técnica de enfermagem não habilitada para monitorar o paciente — uma falha considerada grave.

“O anestesista foi indiciado por lesão corporal gravíssima com dolo eventual, porque sabia que não podia sair da sala”, explicou o vereador.

De acordo com Avelar, a então diretora do hospital também foi punida por ter conduzido de forma inadequada a sindicância interna e por “dar cobertura aos erros” da equipe médica.

O vereador destacou que o caso deve servir de alerta para o sistema de saúde. “Silêncio sobre erro médico é cumplicidade com o próximo erro. Se a gente se cala, o próximo acontece. É como a caixa-preta de um avião: serve para entender o que deu errado e impedir que se repita”, afirmou.

Avelar ressaltou ainda que a decisão do CRM poderá ter repercussão nas esferas criminal e cível, reforçando a importância da responsabilidade profissional e da ética médica.

Os profissionais ainda podem recorrer da decisão ao Conselho Federal de Medicina. O MS Pantanal News procurou o Hospital Adventista do Pênfigo, que até o fechamento desta reportagem não havia se manifestado sobre o caso.

Compartilhe esta postagem:

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

contato@mspantanalnews.com.br