Protesto após desfile de 7 de Setembro terminou em tensão entre Polícia Militar e manifestantes, com denúncias de abuso e prisão de participante armado

Por Karol Peralta
O tradicional Grito dos Excluídos, realizado em Campo Grande no último domingo (7), após o desfile cívico de 7 de Setembro, terminou em discussão, spray de pimenta e prisão de um participante na Rua 13 de Maio. A manifestação, que historicamente acontece logo depois do evento oficial, foi barrada por policiais militares, gerando confronto.
A confusão teve início quando os manifestantes tentaram retirar as grades que bloqueavam a passagem do grupo. Ao se aproximarem das contenções, eles entoaram gritos como “Sem anistia. Eu quero ver Bolsonaro na prisão”.
Entre os participantes estavam o deputado federal e presidente estadual do PT, Vander Loubet, o deputado estadual José Orcírio Miranda dos Santos (Zeca do PT) e o superintendente da Superintendência do Patrimônio da União (SPU) em Mato Grosso do Sul, Tiago Botelho.
Segundo Botelho, ao tentar atravessar a barreira, foi atingido diretamente por spray de pimenta disparado por um policial militar.
“A gente querendo passar porque a Constituição garante o direito de manifestação e, do nada, a pessoa me deu um spray na cara, sem nenhuma justificativa”, relatou.
Logo após o incidente, as grades foram retiradas, e o grupo conseguiu realizar o protesto. No entanto, as autoridades presentes no palanque oficial já haviam se retirado.
Botelho criticou a ação da Polícia Militar e afirmou que pretende ingressar com uma ação contra a corporação.
“O Grito dos Excluídos é um movimento da sociedade civil, dos movimentos populares, que se reúne todo ano para demandar suas pautas. Este ano, sentimos um grande boicote: a polícia não deixava a manifestação legítima caminhar”, disse.
O deputado Vander Loubet também classificou a atuação policial como desproporcional.
“Foi um certo exagero porque já tinha passado. Sempre houve esse tensionamento, não precisava, mas o mais importante é que fizemos uma manifestação pacífica”, destacou.
🚨 Prisão de manifestante
Já próximo ao fim do ato, um homem foi preso e levado para a Depac Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). Ele portava um facão, uma enxada e entorpecentes, cuja quantidade não foi informada pela polícia.
De acordo com um integrante do Movimento Popular de Luta (MPL), facões e enxadas são instrumentos comuns em atos do grupo, mas os manifestantes foram orientados a não levar objetos de uso rural nesta edição.
📝 Posição da Polícia Militar
A reportagem do MS Pantanal News entrou em contato com a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul para comentar o caso, mas até a publicação desta matéria não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação da corporação.