Confiança do empresário do comércio sobe em Campo Grande, mas cautela ainda marca o cenário econômico

ICEC atinge 103,9 pontos em novembro e indica otimismo moderado; percepção sobre a economia atual segue negativa, mas expectativas para 2026 impulsionam o índice.

Por Karol Peralta

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC) de Campo Grande voltou a crescer em novembro de 2025 e alcançou 103,9 pontos, alta de 2% em relação ao mês anterior. Apesar do avanço, o indicador segue 9% abaixo do registrado no mesmo período de 2024, mostrando que, embora haja sinais de otimismo, o comércio ainda convive com incertezas estruturais que limitam uma recuperação mais robusta.

O subíndice das Condições Atuais (ICAEC) ficou em 68,5 pontos, permanecendo distante da zona de otimismo. Os dados mostram que 82,5% dos empresários percebem que a economia brasileira piorou nos últimos meses, enquanto 71,9% avaliam que o setor comercial também apresentou piora. As percepções negativas reforçam que o avanço no índice geral não está ligado ao presente, mas sim às expectativas futuras, que seguem em alta.

Mesmo nesse cenário, as condições das próprias empresas apresentam desempenho ligeiramente mais positivo: 47,8% relatam melhora moderada ou significativa, contra 52,2% que apontam piora, o que indica resiliência e estratégias internas de adaptação.

Expectativas Futuras: empresário aposta em virada em 2026

O maior destaque da pesquisa é o Índice de Expectativas do Empresário do Comércio (IEEC), que atingiu 137,4 pontos, crescimento de 3,9% na comparação mensal. O otimismo é expressivo:

  • 62,8% acreditam que a economia brasileira vai melhorar nos próximos meses;
  • 75,6% esperam melhora no comércio;
  • 86,3% confiam em avanço nas próprias empresas, sendo 46% com expectativa de melhora “muito grande”.

A confiança elevada sugere que o empresário acredita em um ambiente macroeconômico mais favorável em 2026, com possíveis efeitos de inflação controlada, juros menores e maior consumo.

Investimentos: expansão moderada e cautelosa

O Índice de Investimentos (IIEC) marcou 105,8 pontos, um leve aumento em comparação ao mês anterior. A intenção de contratação se destaca, com 130,4 pontos, e 71,8% dos entrevistados afirmando que pretendem contratar mais ou ao menos manter o quadro em alta.

Já o Nível de Investimento das Empresas (NIE) ficou em 93,8 pontos, abaixo da linha de otimismo, revelando que investimentos estruturais — como expansão física e renovação de equipamentos — seguem mais contidos. O cenário mostra um varejo que pretende crescer, mas sem assumir riscos elevados.

Estoques: equilíbrio e adaptação à demanda

A pesquisa aponta que o nível de estoques está relativamente ajustado:

  • 61,7% consideram o estoque adequado;
  • 22% avaliam estar acima do ideal;
  • 15,3% relatam estoque abaixo do necessário.

Os dados indicam que o setor conseguiu equilibrar o fluxo de produtos, o que tende a favorecer o desempenho no final do ano, período tradicionalmente mais aquecido.

Setores e portes: recuperação desigual

A análise por segmentos mostra diferenças importantes:

  • Empresas de bens duráveis seguem mais fragilizadas;
  • O setor de semiduráveis registrou melhor performance no índice geral (109,3 pontos);
  • Negócios com mais de 50 funcionários demonstram maior confiança e capacidade de planejamento.

Essas assimetrias revelam que a recuperação ocorre de forma desigual, com vantagens competitivas para empresas maiores e com mais estrutura financeira.

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