Evento em Brasília destaca a necessidade de ampliar a rede de proteção diante do crescimento da população idosa e das desigualdades sociais

Por Karol Peralta
A abertura da 6ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, realizada nesta terça-feira (16), em Brasília (DF), reforçou o alerta para a importância da denúncia de violações contra idosos e da ampliação das políticas públicas de proteção, em um país que já soma mais de 35 milhões de pessoas idosas.
Durante a cerimônia de abertura da Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, as ministras Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e da Cidadania, e Márcia Lopes, das Mulheres, defenderam o engajamento da sociedade no enfrentamento às violências contra idosos e no fortalecimento da rede de proteção social.
Segundo Macaé Evaristo, o envelhecimento da população brasileira é uma conquista, mas impõe novos desafios ao Estado. “O envelhecimento é uma vitória social, mas exige respostas concretas do poder público, com serviços públicos adequados, cuidado contínuo e garantia de direitos”, afirmou. A ministra destacou que as denúncias de violência contra pessoas idosas têm prioridade de atendimento na Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
As denúncias podem ser registradas pelo Disque 100, canal nacional destinado ao recebimento de relatos de violações de direitos humanos. Para a ministra, ampliar o acesso à informação e estimular a denúncia são medidas essenciais para combater abusos muitas vezes invisibilizados dentro do ambiente familiar.
Durante o evento, a ministra Márcia Lopes anunciou a criação do fórum nacional de mulheres idosas, iniciativa voltada à formulação de ações específicas para esse grupo. “Pessoas idosas exigem dignidade, respeito e acesso a políticas públicas. Precisamos enfrentar os flagelos que atingem essa parcela da população e garantir proteção efetiva”, declarou.
A conferência também abordou as desigualdades sociais e econômicas que atingem a população idosa. Macaé Evaristo apontou que idosos brancos recebem, em média, 65% a mais do que idosos pretos e pardos, evidenciando disparidades históricas que persistem na velhice.
Outro dado destacado foi a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. Segundo a ministra, mulheres idosas com ensino superior têm três vezes mais chances de permanecer trabalhando do que aquelas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, o que reflete desigualdades acumuladas ao longo da vida.
O secretário nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, Alexandre da Silva, avaliou que o Brasil avançou na garantia de direitos, apesar dos desafios. Para ele, a conferência tem papel estratégico ao funcionar como espaço de escuta ativa, permitindo identificar problemas e violações que ocorrem em todas as regiões do país.
A 6ª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa segue até sexta-feira (19) e reúne representantes do poder público, especialistas e integrantes da sociedade civil para debater propostas voltadas à proteção, inclusão e valorização da população idosa.





