Levantamento do DIEESE mostra queda nos preços da cesta básica em parte do país, mas custo segue alto em Campo Grande; trabalhador compromete mais da metade do salário mínimo com alimentação

Por Karol Peralta
O valor da cesta básica de alimentos registrou queda em 11 capitais brasileiras no mês de junho de 2025, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). No entanto, Campo Grande (MS) teve alta de 0,46% e segue entre as capitais onde a alimentação básica pesa no bolso do trabalhador.
Custo da cesta em Campo Grande
Em junho, o custo da cesta básica na capital sul-mato-grossense chegou a R$ 793,02, o que representa um gasto de R$ 2.379,06 para alimentar uma família de quatro pessoas. Isso fez com que o trabalhador local comprometesse 56,48% do salário mínimo líquido apenas com alimentos essenciais, considerando o desconto de 7,5% para a Previdência Social.
A jornada de trabalho necessária para adquirir os produtos da cesta aumentou para 114 horas e 56 minutos, 31 minutos a mais que em maio. Em comparação com junho de 2024, quando a jornada era de 116 horas e 41 minutos, houve leve alívio.
Queda nos preços nacionais, mas alta regional
Entre as capitais com maior queda na cesta básica estão Aracaju (-3,84%), Belém (-2,39%) e Goiânia (-1,90%). Já Porto Alegre (1,50%) e Florianópolis (1,04%) lideram as maiores altas. São Paulo continua com a cesta mais cara do país, com custo de R$ 882,76.
Apesar das quedas pontuais, quase todas as capitais apresentaram alta nos últimos 12 meses, com destaque para Recife (9,39%). A exceção foi Aracaju, com redução de 0,83%.
Salário mínimo necessário deveria ser R$ 7.416,07
Com base na cesta mais cara, o DIEESE calcula mensalmente o salário mínimo ideal para garantir alimentação, moradia, saúde, educação e outros direitos. Em junho, esse valor foi estimado em R$ 7.416,07, o equivalente a 4,89 vezes o salário mínimo oficial de R$ 1.518,00.
Alimentos com maior impacto
Na análise dos produtos que compõem a cesta, destaque para os seguintes movimentos em Campo Grande:
- Arroz agulhinha: queda de -4,68% em junho; recuo de -20,87% no acumulado de 12 meses.
- Café: aumento de 3,32% no mês, acumulando alta de 113,14% em um ano.
- Tomate: alta de 6,54% em junho.
- Feijão carioquinha: subiu 1,18%, mas com queda acumulada de -9,71% no ano.
- Carne bovina: registrou leve queda de -0,34%, mas ainda é um dos itens mais caros da cesta.
- Leite integral: aumento de 0,34%; manteiga caiu -3,01%.
- Açúcar cristal: subiu 1,75% em junho.
- Farinha de trigo e banana: mantiveram estabilidade de preços.
Tendência é de oscilação
Os dados mostram que, mesmo com algumas reduções pontuais, a tendência é de oscilação dos preços, o que exige atenção redobrada do consumidor. Produtos como batata e arroz apresentaram retrações significativas, enquanto outros itens, como o café e o tomate, seguem com valores elevados.
O custo da cesta básica continua alto em Campo Grande, mesmo com quedas registradas em outras capitais. A pressão sobre o salário mínimo permanece, o que reforça o debate sobre políticas de valorização da renda e controle da inflação. Acompanhar esses dados é essencial para compreender o impacto da economia no dia a dia da população brasileira.
