Censo 2022: Brasil tem 391 etnias e 295 línguas indígenas, revela IBGE

Levantamento mostra crescimento da diversidade étnica e linguística entre povos indígenas, com aumento de 88% da população em relação a 2010.

Por Karol Peralta

O Censo Demográfico 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que o Brasil possui 391 etnias e 295 línguas indígenas faladas em seu território. O número representa um crescimento expressivo da diversidade cultural e linguística em relação ao censo anterior, de 2010, quando foram identificadas 305 etnias e 274 línguas.

Segundo o levantamento, 1.694.836 pessoas indígenas vivem em 4.833 municípios brasileiros, representando 0,83% da população total do país. O número praticamente dobrou em 12 anos, com um aumento de 88,82% em relação a 2010.

As etnias indígenas mais populosas do Brasil são a Tikuna, com 74.061 pessoas, seguida pela Kokama (64.327) e Makuxí (53.446). Entre as línguas indígenas mais faladas, lidera a língua Tikúna, com 51.978 falantes, seguida de Guarani Kaiowá (38.658) e Guajajara (29.212).

De acordo com o IBGE, cada etnia é definida por afinidades linguísticas, culturais e sociais, e as línguas consideradas são aquelas usadas na comunicação familiar e comunitária.

📈 Aumento e metodologia

O IBGE explicou que as mudanças metodológicas no Censo 2022 permitiram reconhecer novas etnias e captar mais línguas faladas. A gerente de Povos e Comunidades Tradicionais do instituto, Marta Antunes, destacou que o novo levantamento atende a demandas históricas dos povos indígenas, que pediam informações mais detalhadas sobre seus territórios e modos de vida.

“Agora, é possível olhar para cada povo de forma individualizada e compreender onde ele se situa — se está em terra indígena, área urbana ou rural — para que as políticas públicas respeitem sua identidade étnica e cultural”, explicou.

🌎 Onde vivem os povos indígenas

O Censo mostrou uma mudança no padrão de moradia da população indígena. Em 2010, 63,78% viviam em áreas rurais, enquanto em 2022 a maioria, 53,97%, passou a viver em áreas urbanas.

A cidade de São Paulo é a que abriga o maior número de etnias indígenas (194), seguida por Manaus (186), Rio de Janeiro (176), Brasília (167) e Salvador (142). Fora das capitais, os destaques são Campinas (SP), Santarém (PA) e Iranduba (AM).

Dentro das terras indígenas (TIs), o Censo registrou 335 etnias, número superior ao de 2010 (250). Fora das TIs, foram contabilizadas 373 etnias, contra 300 há doze anos. O Amazonas é o estado com maior número de etnias, totalizando 95, seguido por Pará (88) e Mato Grosso (79).

🗣️ Preservação das línguas

O gerente de Territórios Tradicionais do IBGE, Fernando Damasco, explicou que o aumento no número de línguas reflete esforços de revitalização cultural e também movimentos migratórios.

“Há um trabalho importante dos próprios indígenas no resgate das línguas, além de novos grupos que chegaram ao Brasil, como os Warao, da Venezuela, cuja presença aumentou muito na última década”, afirmou.

Atualmente, 474.856 pessoas indígenas, o equivalente a 29,19% da população com dois anos ou mais, falam línguas indígenas em casa. A maioria (78,34%) vive dentro de terras indígenas, enquanto 21,66% está fora delas.

A cidade de Manaus concentra o maior número de línguas indígenas declaradas (99), seguida por São Paulo (78) e Brasília (61).

🌿 Diversidade viva

Os dados reforçam a riqueza linguística e étnica do Brasil, o país mais diverso do continente em número de povos indígenas. Para especialistas, o levantamento é um passo essencial para políticas de preservação cultural e territorial, além de contribuir para a valorização das identidades tradicionais.

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