Caso Benício: Polícia intensifica investigação após médica mudar versão sobre dose de adrenalina aplicada em criança

Delegado aponta inconsistências na nova tese apresentada pela defesa e reforça a importância da perícia no sistema do Hospital Santa Julia.

Por Karol Peralta

A Polícia Civil do Amazonas aprofundou, nesta semana, as investigações sobre a morte de Benício Xavier de Freitas, de 6 anos, ocorrida em 23 de novembro após a criança receber adrenalina na veia, procedimento apontado como erro médico. A mudança de versão apresentada pela médica Juliana Brasil Santos se tornou o principal foco da equipe responsável pelo caso, coordenada pelo delegado Marcelo Martins.

Inicialmente, a médica assumiu a falha na prescrição tanto em mensagens de WhatsApp quanto no prontuário. Nas conversas, ela afirmou ter “errado a prescrição” e reiterou o equívoco mais de uma vez. Documentos hospitalares também registraram a mesma admissão, indicando que ela teria anotado “prescrevi erroneamente adrenalina por via endovenosa”.

Entretanto, a defesa apresentou uma nova tese: a de que o sistema eletrônico do Hospital Santa Julia teria alterado automaticamente a via de administração da adrenalina de inalatória para endovenosa. A suposta falha tecnológica embasou um pedido de habeas corpus preventivo que foi aceito pela Justiça.

Com a mudança de narrativa, a Polícia Civil intensifica agora a análise técnica do sistema hospitalar, considerada essencial para esclarecer o caso. Segundo o delegado, uma inspeção inicial já sugere que o defeito alegado não se sustenta, reforçando a necessidade de uma perícia completa.

“Nosso objetivo é obter uma prova robusta. Se a perícia comprovar que o vídeo apresentado como prova contém informação falsa, ficará demonstrado que o Tribunal de Justiça foi induzido a erro”, afirmou o delegado Marcelo Martins.

Além do foco no sistema informatizado, o inquérito também avalia a responsabilidade da gestão do hospital, que operava sem farmacêutico habilitado para a dupla checagem de medicamentos — etapa fundamental nos protocolos de segurança do paciente.

O caso é tratado pela Polícia Civil como um erro sistêmico, envolvendo falhas individuais e institucionais. A conclusão do inquérito está prevista ainda para dezembro, com novas oitivas e cruzamento de informações obtidas ao longo da apuração.

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