
Por Karol Peralta
O câncer continua sendo uma das principais causas de morte no Brasil e no mundo. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a doença é responsável por uma média de 698 mortes por dia no país. Em 2024, conforme dados preliminares do Instituto Lado a Lado pela Vida, já foram registrados 519.544 novos casos. Os números alarmantes reforçam a importância do Dia Mundial de Luta Contra o Câncer, celebrado nesta terça-feira (8), como um momento crucial de reflexão e ação coletiva.
Com o tema central voltado para a urgência no combate à doença, a data tem o objetivo de chamar a atenção da sociedade, gestores públicos, profissionais de saúde e da população em geral sobre a necessidade de respostas mais rápidas e efetivas diante de um cenário que afeta milhares de vidas todos os anos.
“A cada dia que passa sem uma ação coordenada e urgente, mais vidas são afetadas. Não podemos aceitar isso como normal. É nossa responsabilidade coletiva garantir que o câncer seja uma prioridade máxima na agenda de saúde do Brasil”, afirma Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.
A realidade do câncer no Brasil
O INCA estima que o país deverá registrar cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano até 2025, com maior incidência nas regiões Sul e Sudeste. Entre os tipos de câncer mais comuns no Brasil estão:
Câncer de pele não melanoma: mais frequente, porém com baixa letalidade.
Câncer de mama: principal causa de morte por câncer entre mulheres.
Câncer de próstata: tipo mais comum entre os homens.
Câncer de cólon e reto (intestino): cresce ano após ano, afetando homens e mulheres.
Câncer de pulmão: geralmente associado ao tabagismo, tem alta taxa de mortalidade.
Câncer de estômago, fígado e pâncreas: mais agressivos e de difícil detecção precoce.
A desigualdade no acesso à saúde pública e privada agrava a situação, fazendo com que muitas pessoas só descubram a doença em estágios avançados, quando as chances de cura são menores.
Diagnóstico precoce salva vidas
Especialistas são unânimes em afirmar: detectar o câncer precocemente pode fazer toda a diferença no tratamento e na sobrevida do paciente. Exames de rotina, campanhas de conscientização e o acompanhamento regular com profissionais de saúde são ferramentas indispensáveis para diminuir os índices de mortalidade.
No entanto, muitos pacientes enfrentam filas demoradas para exames, falta de médicos especializados e dificuldade em conseguir biópsias ou cirurgias no sistema público de saúde (SUS). A descentralização de atendimentos e a regionalização de serviços oncológicos são estratégias debatidas para tornar o acesso mais equitativo no país.
Tratamento e qualidade de vida: um olhar integral
O tratamento do câncer varia de acordo com o tipo da doença, o estágio em que ela é diagnosticada e as condições gerais do paciente. As abordagens mais comuns incluem:
Cirurgia: remoção do tumor.
Quimioterapia: uso de medicamentos para destruir células cancerígenas.
Radioterapia: radiação para reduzir ou eliminar tumores.
Imunoterapia: estimula o sistema imunológico a combater o câncer.
Terapias-alvo: atingem diretamente mutações específicas do tumor.
Mais do que tratar a doença, é fundamental cuidar do paciente como um todo. Acompanhamento psicológico, suporte nutricional, fisioterapia e atividades físicas orientadas são práticas que ajudam a manter a qualidade de vida durante o tratamento e até mesmo na fase de remissão.
Além disso, os cuidados paliativos ganham cada vez mais relevância, oferecendo suporte humanizado para pacientes em estado avançado ou terminal, focando no alívio de sintomas e sofrimento.
O papel da sociedade e do poder público
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos no diagnóstico e tratamento do câncer, ainda há muitos desafios no Brasil. Investimentos em políticas públicas de prevenção, campanhas educativas permanentes e ampliação do acesso aos serviços de saúde são cruciais para mudar essa realidade.
“O câncer precisa estar no topo da agenda de saúde. Precisamos de mais agilidade no diagnóstico, ampliação dos centros de tratamento, apoio às famílias e enfrentamento às desigualdades no sistema de saúde”, reforça Marlene Oliveira.
O Dia Mundial de Luta Contra o Câncer é um convite à ação. Seja cuidando da própria saúde, apoiando familiares em tratamento ou cobrando políticas públicas efetivas, cada atitude conta na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a vida.