Conhecida como Cidade Morena, Campo Grande combina herança indígena, diversidade cultural e qualidade de vida, sendo hoje um dos principais centros urbanos do Centro-Oeste brasileiro.
Por Karol Peralta
Campo Grande é muito mais do que a capital de Mato Grosso do Sul. É um símbolo de resistência, de diversidade cultural e de desenvolvimento. Fundada oficialmente em 21 de junho de 1872, por José Antônio Pereira, um desbravador mineiro que viu nas terras férteis da Serra de Maracaju uma oportunidade para recomeçar com sua família, a cidade cresceu em meio a campos de pastagens e águas cristalinas, tornando-se uma das mais importantes do Centro-Oeste brasileiro.
A chegada de Pereira à confluência dos córregos Prosa e Segredo, hoje área do Horto Florestal, marcou o início do povoado que viria a se consolidar anos depois com a construção da primeira igrejinha de pau-a-pique em 1877. A união de famílias mineiras e de outras origens formou as bases da primeira geração de campo-grandenses.
Apelidada de Cidade Morena por conta da coloração avermelhada de seu solo, Campo Grande se destaca pela sua urbanização planejada, ruas largas e arborização extensa — 96,3% das residências contam com sombra de árvores, tornando-a uma das cidades mais verdes do Brasil.
Um polo de diversidade e integração
Com população estimada em 910 mil habitantes, segundo o IBGE, Campo Grande abriga descendentes de espanhóis, italianos, portugueses, japoneses, sírio-libaneses, paraguaios e bolivianos, além de uma significativa presença de indígenas. Essa diversidade se reflete na gastronomia, nas manifestações culturais e no cotidiano urbano.
A capital sul-mato-grossense é também um exemplo de qualidade de vida. Atraente para moradores de outros estados, como São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a cidade se firmou como destino para quem busca tranquilidade aliada à infraestrutura moderna.
Em 2006, a revista Exame destacou Campo Grande entre as melhores cidades brasileiras em infraestrutura. A cidade também tem baixos índices de violência em comparação com outros centros urbanos de mesmo porte, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Importância econômica e geográfica
A posição geográfica estratégica de Campo Grande — equidistante dos extremos do estado — facilitou a construção das primeiras estradas, transformando-a em ponto de conexão regional e polo logístico e comercial. Desde os anos 1950, a cidade tem aumentado sua participação no número de empresas em Mato Grosso do Sul, consolidando-se como motor econômico do estado.
Campo Grande é considerada uma Capital Regional A, segundo a classificação de influência urbana do IBGE. É um dos poucos municípios que exercem influência direta sobre mais de 30 cidades, incluindo centros regionais como Dourados, e centros de zona como Corumbá, Três Lagoas e Aquidauana.
Cultura e tradição preservadas
Apesar do crescimento urbano, Campo Grande preserva tradições que remontam à sua origem. A influência da cultura terena, guarani-kaiowá e kadiwéu é visível em festas, feiras e no artesanato local. Locais como o Mercadão Municipal, o Museu das Culturas Dom Bosco e o Parque das Nações Indígenas mantêm viva essa herança multicultural.
A cidade também é referência em eventos culturais, como o Arraial de Santo Antônio, a Parada da Diversidade, e o tradicional Festival América do Sul, que reforçam a vocação da cidade como centro de integração entre culturas e povos.
Campo Grande é uma cidade que une tradição e modernidade, raízes e crescimento. É o coração de Mato Grosso do Sul, e sua história é essencial para entender não apenas o desenvolvimento do estado, mas também a formação de uma identidade única no Brasil. Seja por sua arborização exemplar, pela cultura rica ou pelo papel estratégico na economia regional, Campo Grande se firma como uma capital que honra seu passado e olha para o futuro.
