Motoristas cruzaram os braços nesta quarta-feira (22) por atraso no pagamento do adiantamento salarial; linhas começaram a voltar gradualmente após as 6h30.

Por Karol Peralta
Os motoristas do Consórcio Guaicurus paralisaram as atividades na madrugada desta quarta-feira (22) em Campo Grande (MS), por falta de pagamento do adiantamento salarial. A mobilização deixou a capital sem transporte público urbano nas primeiras horas do dia, afetando milhares de trabalhadores e estudantes que dependem do serviço.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano de Campo Grande (STTCU), o Consórcio Guaicurus alegou falta de dinheiro e informou não ter previsão de pagamento do adiantamento salarial, o que levou os motoristas a suspenderem o trabalho.
Segundo passageiros, os ônibus pararam de circular por volta das 4h20 da madrugada, e fiscais informaram que o retorno gradual começaria a partir das 6h30. Durante a manhã, o transporte foi sendo restabelecido de forma parcial, com ônibus lotados e atrasos nas linhas.
Com a paralisação, muitos trabalhadores enfrentaram dificuldades para chegar ao serviço e recorreram a aplicativos de transporte, que registraram alta significativa nas tarifas devido à alta demanda.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do Consórcio Guaicurus por e-mail e WhatsApp, mas até o momento não houve retorno. A Prefeitura de Campo Grande também foi procurada; o espaço segue aberto para manifestação.
Irregularidades e multas judiciais
O impasse ocorre em meio a uma série de processos judiciais e penalidades aplicadas ao Consórcio Guaicurus. Recentemente, a Justiça de Mato Grosso do Sul negou recurso da empresa, que buscava se livrar de multas por irregularidades no transporte coletivo da capital. A decisão determinou o pagamento de R$ 59,8 mil, além das custas processuais.
O consórcio, responsável por um contrato de R$ 3,4 bilhões com o município, também acumula pendências contratuais milionárias. Entre elas está uma multa de R$ 12,2 milhões imposta pela Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), devido ao descumprimento da cláusula de contratação de seguro de responsabilidade civil e de veículos, exigida desde o contrato firmado em 2012.
Segundo a Agereg, o Consórcio Guaicurus está inadimplente desde 2016 e não regularizou a situação mesmo após três anos e oito meses de notificação. O cálculo da penalidade foi feito com base em 5% da receita diária por dia de descumprimento, conforme determina o contrato.
Além das multas, o consórcio foi alvo de críticas após ameaçar encerrar contratos de vale-transporte com empresas públicas e privadas, caso continuasse recebendo penalidades que classificou como “indiscriminadas”.
Retorno gradual e impacto aos passageiros
Por volta das 7h, parte da frota começou a circular em bairros da região sul e oeste de Campo Grande, mas com intervalos irregulares e superlotação nos coletivos. Passageiros relataram atrasos nas conexões e longas filas nos terminais.
A paralisação reforçou o cenário de instabilidade no transporte público da capital, que nos últimos anos vem sendo alvo de reclamações constantes quanto à idade da frota, atrasos e descumprimento de obrigações contratuais.
Enquanto isso, a expectativa dos trabalhadores é de que o Consórcio Guaicurus regularize os pagamentos ainda nesta semana, evitando novas paralisações.





