
Adutora do Pajeú e Ramal do Desterro garantem abastecimento a mais de 240 mil pessoas na Paraíba e Pernambuco, encerrando décadas de seca.
Por Karol Peralta
O Sertão do Pajeú viveu um marco histórico na quinta-feira (12) com a chegada da água potável após décadas de seca. A cena simbólica aconteceu em Desterro (PB), onde uma multidão se reuniu na praça central para celebrar a ativação da Adutora do Pajeú e do Ramal do Desterro, obras de infraestrutura hídrica que integram o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF).
Durante o evento, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, abriu as torneiras de dois chuveiros instalados na praça, marcando a nova fase de abastecimento na região. Ele mesmo entrou sob a água, em um gesto comemorativo, acompanhado por moradores emocionados.
“É uma obra realmente transformadora. Muitos desses municípios nunca tiveram água encanada. Agora, vamos garantir abastecimento regular e seguro”, declarou o ministro.
As obras foram financiadas com R$ 574 milhões do Governo Federal, por meio do MIDR, e executadas pelo Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). A operação das estruturas ficará a cargo da Compesa (PE) e da Cagepa (PB).
Mais de 240 mil pessoas beneficiadas
Com 193 km de extensão, a Adutora do Pajeú leva água do Eixo Leste da Transposição do São Francisco a 20 municípios de Pernambuco. O Ramal do Desterro, com 370 km, estende esse abastecimento a 18 municípios da Paraíba, totalizando 247.837 pessoas atendidas.
“Todos os municípios que estão no raio de alcance da Adutora do Pajeú serão contemplados. Onde a água ainda não chegou, chegará até julho”, garantiu Waldez Góes.
Mudança real na vida das pessoas
Para muitos moradores, a chegada da água representa o fim de um sofrimento histórico. A jovem advogada Ana Gabriele Amorim, de 23 anos, lembra das dificuldades enfrentadas em Teixeira (PB):
“Há 20 anos, não tínhamos água encanada. Era preciso buscar com baldes. Agora, temos uma nova realidade. A sede da população e dos animais vai acabar. Isso é digno”, destacou.
Visitas técnicas e próximos passos
A comitiva do Caminho das Águas também visitou a Estação Elevatória 17, em Teixeira (PB), que integra o sistema operacional da Adutora do Pajeú. O diretor de Infraestrutura do DNOCS, Luiz Hernani, anunciou que a cidade será atendida por um novo ramal, com inauguração prevista para fim de julho de 2025.
“A estação 17, a estação 16 e um novo reservatório compõem uma tubulação de 15 km que vai levar água diretamente do São Francisco para Teixeira”, detalhou Hernani.
Além disso, foi visitada a estação de tratamento de água de Desterro, abastecida pelo Ramal do Desterro e operada pela Cagepa, que reforçará a segurança hídrica local.
Esperança e dignidade no semiárido
A chegada da água representa mais do que conforto: é dignidade, saúde e futuro. O olhar do Governo Federal para o sertanejo tem promovido transformações profundas e estruturantes no combate à desigualdade hídrica.
“O olhar humano do presidente Lula para a população pobre e nordestina é significativo. Ter água em casa é um direito e agora é realidade para milhares”, finalizou Ana Gabriele.
Com essa etapa concluída, o Caminho das Águas segue avançando, levando esperança para outras regiões do semiárido brasileiro.