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Brasil se mobiliza contra ameaças de sanções de Trump por comércio com a Rússia

Itamaraty articula ações diplomáticas para proteger economia brasileira das sanções secundárias prometidas por Donald Trump a países que mantêm relações comerciais com a Rússia

Por Karol Peralta

As ameaças crescentes do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor sanções secundárias a países que mantêm relações comerciais com a Rússia acenderam um novo sinal de alerta no Itamaraty. Diante da possibilidade de mais uma ofensiva tarifária norte-americana, o governo brasileiro iniciou uma série de articulações para blindar a economia nacional dos impactos de eventuais medidas punitivas.

Na mais recente escalada do protecionalismo americano, Trump reduziu o prazo dado ao presidente Vladimir Putin para negociar o fim da guerra na Ucrânia e prometeu retaliar economicamente nações que continuem importando petróleo, gás, fertilizantes e outros produtos estratégicos da Rússia.

Na última quinta-feira (31), o republicano foi mais direto: durante um pronunciamento, citou nominalmente a Índia e mencionou a possibilidade de sanções adicionais à aliança militar e comercial com Moscou. A retórica endurecida causou apreensão em Brasília, já que o Brasil ampliou suas importações russas nos últimos anos, especialmente de insumos essenciais como óleo diesel e fertilizantes.


Brasil pode ser alvo de novas sanções americanas

Um projeto em tramitação no Senado dos EUA propõe dobrar as tarifas de importação sobre produtos oriundos de países considerados aliados econômicos da Rússia. A iniciativa tem o objetivo de aumentar o isolamento financeiro de Putin e pressionar por uma resolução diplomática para o conflito no Leste Europeu.

Se aprovado, o texto pode atingir diretamente o Brasil, que em 2024 importou US$ 6,2 bilhões em combustíveis russos — um aumento de 18,6% em relação a 2023 —, segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio Exterior. As compras de fertilizantes também subiram e chegaram a US$ 3,7 bilhões, crescimento de 4,4% no período.

A principal preocupação do governo brasileiro é com os fertilizantes, insumo fundamental para o agronegócio, responsável por boa parte do PIB nacional. Atualmente, não há fornecedores alternativos que possam suprir a demanda brasileira com a mesma eficiência e preço competitivo em curto prazo.


Diplomacia brasileira intensifica ações nos bastidores

Com receio de uma nova retaliação como o “tarifaço de 50%” imposto anteriormente por Trump, o Itamaraty intensificou contatos com interlocutores políticos e empresariais em Washington. O foco é evitar que o Brasil seja incluído em uma eventual lista de sanções, defendendo que a interrupção no fornecimento de fertilizantes pode provocar uma crise alimentar global.

“O Brasil é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo. Qualquer impacto sobre nossa produção pode elevar os preços globais e gerar inflação em escala mundial, algo que os próprios EUA não desejam”, argumentam diplomatas brasileiros.

Esse ponto tem sido reforçado em reuniões técnicas e políticas, nas quais representantes do governo expõem os riscos de uma cadeia global desestabilizada, principalmente em tempos de instabilidade climática e geopolítica.


Incertezas e contradições nas ameaças dos EUA

Apesar das ameaças, ainda há dúvidas sobre o alcance real das sanções secundárias. Observadores destacam que países estratégicos para os EUA, como a Turquia, também mantêm comércio intenso com a Rússia e dificilmente seriam alvos diretos. O mesmo se aplica à União Europeia, que ainda depende em larga escala do gás natural russo.

No entanto, a posição de países da América Latina, como o Brasil, é vista com mais vulnerabilidade diante de um eventual endurecimento da política externa americana sob um novo mandato de Trump.


Caminhos para evitar o impacto

Para evitar novos embargos ou tarifas, o Brasil aposta em três estratégias principais:

  1. Atuação diplomática preventiva junto ao Congresso e ao Departamento de Estado dos EUA.
  2. Engajamento com o setor privado americano, reforçando o papel do Brasil no equilíbrio dos preços globais.
  3. Diversificação gradual dos fornecedores, embora essa última opção dependa de tempo e logística complexa.

No cenário atual, o Itamaraty busca manter o diálogo aberto com todas as partes envolvidas, consciente de que o comércio internacional está cada vez mais suscetível a disputas políticas e geoeconômicas.


Um teste para a diplomacia brasileira

As próximas semanas devem ser decisivas para definir se as ameaças se concretizarão ou se fazem parte de uma estratégia retórica de Trump. Enquanto isso, o Brasil segue reforçando sua posição no tabuleiro global, equilibrando interesses comerciais e diplomáticos em um mundo polarizado.

A depender do desfecho, o país pode precisar reconfigurar suas rotas de importação e exportação, o que exigirá decisões rápidas e coordenadas entre os ministérios da Economia, Agricultura e Relações Exteriores.

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