Dados do SEEG 2024 apontam redução expressiva nas emissões brutas e líquidas de CO2, com destaque para o desmatamento controlado na Amazônia e no Pantanal

Por Karol Peralta
O Brasil emitiu 2,145 bilhões de toneladas de CO2 equivalente (GtCO2e) em 2024, uma queda de 16,7% nas emissões brutas em relação ao ano anterior, segundo o Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) divulgado nesta segunda-feira (3) pelo Observatório do Clima. Considerando as emissões líquidas, que descontam a captura de carbono por florestas secundárias e áreas protegidas, a redução chega a 22%, a maior em 16 anos.
A diminuição histórica está ligada principalmente ao controle do desmatamento no setor de mudança de uso da terra, responsável por 42% das emissões brutas do país em 2024. O setor de agropecuária respondeu por 29%, energia por 20%, enquanto resíduos e processos industriais representaram 5% e 4%, respectivamente.
Segundo Bárbara Zimbres, pesquisadora do IPAM, a Amazônia teve queda de 41% nas emissões, o Cerrado reduziu 20%, e o Pantanal apresentou a maior redução proporcional do país, com 66%. Apenas o Pampa registrou aumento de 6%.
Nos estados, Rondônia, Pará e Mato Grosso lideraram a redução de emissões brutas, com quedas de 65%, 44% e 44%, respectivamente. Já Minas Gerais, Piauí, Roraima, Rio Grande do Sul e Sergipe tiveram aumento nas emissões.
O secretário-executivo do Observatório do Clima, Márcio Astrini, destacou que os números posicionam o Brasil de forma positiva para a COP30, que começa em 10 de novembro. “Dificilmente teremos dentro do G20 ou dos dez maiores emissores países chegando à conferência com esse nível de redução”, afirmou.
Queimadas e emissões líquidas
Embora as queimadas não estejam contabilizadas nas emissões do SEEG, houve aumento expressivo das áreas queimadas em quase todos os biomas, o que poderia dobrar as emissões líquidas do setor de uso do solo se fossem contabilizadas, segundo Bárbara Zimbres.
As emissões líquidas do Brasil em 2024 somaram 1,49 GtCO2e, refletindo a captura de carbono pelas florestas e áreas protegidas. Nesse cenário, a agropecuária passou a ser responsável por 42% da poluição líquida, enquanto o setor de uso da terra caiu para 17% do total.





