
Proposta brasileira se destaca entre 26 países no Climate Investment Funds; PNH2 e transição energética são diferenciais da liderança
Por Karol Peralta
O Brasil conquistou a primeira colocação no ranking internacional do Climate Investment Funds (CIF) para acesso ao Programa de Descarbonização da Indústria (IDP), superando outras 25 propostas nacionais. O relatório, divulgado na última quinta-feira (22/05), reconheceu a proposta brasileira como a mais tecnicamente robusta, ambiciosa e pronta para implementação.
A iniciativa coloca o país na liderança global no acesso a recursos destinados à descarbonização de setores industriais intensivos em emissões, como aço, cimento, alumínio e produtos químicos.
Política pública e inovação foram diferenciais
Segundo o relatório do grupo de especialistas independentes do CIF, a Política Nacional de Transição Energética (PNTE), coordenada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), foi um dos principais diferenciais da proposta brasileira. A PNTE foi considerada essencial para estruturar a estratégia nacional, alinhando a descarbonização com metas climáticas de longo prazo.
“Este reconhecimento nos mostra que estamos no caminho certo. O Brasil é referência para o mundo em energia limpa e tem protagonizado a transição energética com políticas públicas estratégicas”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.
Proposta técnica e socialmente estruturada
O documento classificou a proposta como tecnicamente sólida e destacou sua abordagem estratégica, baseada em instrumentos nacionais de política, coordenação institucional e engajamento do setor privado.
Além disso, o Brasil foi elogiado pela estruturação de uma transição justa, com políticas voltadas à requalificação da força de trabalho, promoção da igualdade de gênero e desenvolvimento regional sustentável.
Hidrogênio de baixo carbono como eixo central
Em 2024, o MME, em parceria com o Ministério da Fazenda (MF), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e com o apoio da UNIDO e do governo britânico, lançou uma chamada pública de projetos de hidrogênio de baixo carbono.
Essa ação, alinhada ao Programa Nacional do Hidrogênio (PNH2), foi decisiva para a avaliação positiva. O objetivo do programa é estabelecer hubs de hidrogênio de baixa emissão até 2035, fortalecendo a posição do Brasil na nova economia verde.
Próximos passos: plano de investimentos
O resultado final da seleção ocorrerá nos dias 11 e 12 de junho, quando o comitê do CIF fará a deliberação definitiva. Caso confirmada a liderança, o Brasil elaborará um plano de investimentos detalhado, em parceria com o MF, MDIC e instituições multilaterais como o Banco Mundial, BID e UNIDO.
Reconhecimento reforça papel do Brasil na agenda climática
A liderança brasileira no CIF reforça o papel estratégico do país na agenda climática global e valida os esforços do governo na construção de uma indústria mais limpa, inclusiva e inovadora.
“Estamos estruturando um ambiente favorável ao investimento verde, com segurança jurídica, metas claras e protagonismo internacional”, concluiu Silveira.