Durante a COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa que já reúne 53 países e mais da metade dos recursos previstos para o primeiro ano

Por Karol Peralta
O Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) superou US$ 5,5 bilhões em investimentos já no seu dia de lançamento, nesta quinta-feira (6), durante a Cúpula de Líderes da COP30, em Belém. O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e marca um passo histórico na consolidação de um novo modelo global de financiamento climático voltado à conservação das florestas tropicais.
Brasil lidera fundo internacional de preservação ambiental
O TFFF foi lançado com a adesão de 53 países e da União Europeia, simbolizando uma nova era de cooperação internacional entre governos e o setor privado. O Brasil foi o primeiro país a aportar US$ 1 bilhão, seguido pela Indonésia, que igualou o valor. A Noruega, parceira histórica do Brasil em políticas de conservação, se comprometeu com US$ 3 bilhões, enquanto a França e Portugal também formalizaram contribuições significativas.
Com esses aportes, o fundo atingiu mais da metade da meta de US$ 10 bilhões em apenas um dia, consolidando-se como um dos maiores mecanismos de financiamento ambiental já criados.
Inovação e sustentabilidade no financiamento climático
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o TFFF representa um divisor de águas. Segundo ele, o objetivo é transformar a preservação das florestas em uma atividade economicamente sustentável, capaz de gerar retorno financeiro aos investidores e benefícios ambientais duradouros.
“Pela primeira vez, um instrumento concreto de solução para os desafios climáticos pode sair do papel e gerar resultados reais”, destacou Haddad.
A expectativa é que, com aportes de até US$ 25 bilhões, o fundo possa mobilizar quatro vezes mais recursos privados, alavancando cerca de US$ 100 bilhões em investimentos voltados à preservação ambiental.
Compromisso global com as florestas tropicais
A declaração de lançamento do TFFF destaca o caráter inovador e previsível do mecanismo, que une recursos públicos e privados em larga escala. Entre os 53 signatários, 19 são potenciais investidores e 34 são países beneficiários — incluindo aqueles que abrigam as principais bacias florestais do planeta, como a Amazônica, do Congo e do Bornéu-Mekong, que juntas concentram mais de 90% das florestas tropicais do mundo.
Protagonismo do Brasil e povos indígenas
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, ressaltou que o fundo simboliza uma mudança de paradigma na governança ambiental. “O TFFF é uma ferramenta inteligente que financia a proteção das florestas e garante retorno aos investidores, unindo economia e sustentabilidade”, explicou.
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, anunciou que 20% dos recursos serão destinados diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais, assegurando autonomia e governança local.
Noruega e cooperação internacional
Durante o evento, o ministro norueguês do Meio Ambiente e Clima, Andreas Eriksen, elogiou o protagonismo brasileiro. “Criar valor econômico sem derrubar árvores é o futuro. O modelo proposto pelo Brasil mostra que a preservação pode ser lucrativa e sustentável”, afirmou.
O embaixador Mauricio Lyrio, secretário de Clima e Meio Ambiente do Itamaraty, reforçou que o fundo une países que concentram 90% das florestas tropicais do planeta, fortalecendo a colaboração global para redução do desmatamento e proteção da biodiversidade.
Impacto e expectativa
Com o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, o Brasil consolida sua liderança no combate às mudanças climáticas e abre caminho para um novo modelo econômico verde, no qual a preservação ambiental se torna um ativo estratégico para o desenvolvimento global.





