Nova ferramenta do Governo do Brasil, resultado da parceria entre MMA e INPE, amplia a fiscalização da vegetação nativa, incluindo cerrado e áreas de transição, com alertas diários e acesso público.

Por Karol Peralta
O Governo do Brasil anunciou nesta segunda-feira, 15 de setembro, o lançamento oficial do Deter Não Floresta (Deter NF), resultado da parceria entre o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A ferramenta representa um avanço sem precedentes na política de controle e prevenção do desmatamento no país.
Com o Deter NF, todo o território do bioma Amazônia passa a ter monitoramento diário da cobertura de terra. A nova plataforma amplia a capacidade do sistema Deter, que tradicionalmente emitia alertas focados em desmatamento com solo exposto e corte raso em áreas de floresta primária. Agora, a ferramenta também identifica degradação em formações não florestais, como campos naturais, savanas (cerrado) e áreas de transição, que correspondem a aproximadamente 20% do bioma.
Como funciona
O sistema analisa diariamente imagens de satélites de observação da Terra, gerando alertas de intervenção para áreas de vegetação nativa não florestal. Os avisos indicam indícios de alteração da cobertura vegetal, seja por desmatamento, mineração, queimadas ou outras atividades irregulares.
A principal inovação do Deter NF é a capacidade de detectar cortes de vegetação em áreas de cerrado e campos gerais dentro da Amazônia, atendendo a uma demanda histórica de órgãos de fiscalização. Os alertas são publicados na plataforma TerraBrasilis e estão disponíveis gratuitamente para consulta pública, garantindo transparência total.
Combate ao desmatamento
Antes, o monitoramento diário cobria apenas áreas de floresta ombrófila. Com a implementação do Deter NF, órgãos como o Ibama e polícias ambientais estaduais terão informações quase em tempo real para orientar suas operações em 100% do território amazônico.
Avanço tecnológico
O secretário extraordinário de Controle do Desmatamento do MMA, André Lima, destacou que o sistema fecha uma lacuna crítica no monitoramento. “Onde antes tínhamos um vazio de informação diária, agora temos transparência e agilidade. Isso democratiza o acesso à informação e fortalece imensamente a ação do Estado”, afirmou.
O coordenador do programa BiomasBR do INPE, Cláudio Almeida, explicou que o Deter NF é fruto de anos de pesquisa, utilizando técnicas avançadas de processamento de imagens e aprendizagem por máquina (inteligência artificial) para criar um sistema confiável que atende à proteção de todos os ecossistemas do bioma.
Meta futura
Atualmente, os alertas diários do Deter já cobrem mais de 75% do território nacional. A meta é expandir a ferramenta para os biomas Mata Atlântica, Caatinga e Pampa, que ainda não possuem monitoramento diário.
Resultados de agosto de 2025
Dados divulgados em 12 de setembro mostram redução de alertas de supressão de vegetação: 36,6% na Amazônia Florestal, 27,3% no Cerrado e 16,8% no Pantanal, em comparação com agosto de 2024. Apenas nas áreas não florestais da Amazônia houve aumento de 8%. Todos os dados estão disponíveis no portal TerraBrasilis.
A implementação do Deter Não Floresta representa um salto significativo na governança ambiental brasileira, fortalecendo a fiscalização, ampliando a transparência e contribuindo para a preservação de ecossistemas essenciais para o clima e a biodiversidade do país.