Seleção feminina, conhecida como “Leoas”, alcança feitos históricos no Mundial realizado pela primeira vez no Brasil; Bárbara Domingos também garante melhor resultado individual da carreira

Por Karol Peralta
As Leoas, como são conhecidas as atletas da seleção brasileira de ginástica rítmica, marcaram seu nome na história ao conquistar duas medalhas inéditas de prata no Mundial da modalidade, realizado pela primeira vez no Brasil. A competição aconteceu no Parque Olímpico da Barra, no Rio de Janeiro, e reuniu 78 países e mais de 650 participantes.
No domingo (24), o quinteto formado por Duda Arakaki, Nicole Pircio, Sofia Madeira, Mariana Gonçalves e Maria Paula Caminha brilhou na final da série mista (três bolas e dois arcos). Ao som de “Evidências”, clássico sertanejo imortalizado por Chitãozinho & Xororó, as brasileiras receberam 28.550 pontos, sua maior nota em competições internacionais. O resultado garantiu a prata, atrás apenas da Ucrânia (28.650). A China ficou com o bronze.
No dia anterior, sábado (23), o conjunto já havia feito história ao conquistar a primeira medalha do Brasil em mundiais, na prova de conjunto geral, que soma as notas da série de cinco fitas e da série mista. O time ficou em segundo lugar, atrás do Japão, e à frente da Espanha. Até então, o melhor resultado havia sido o quarto lugar em 2023.
Apesar de erros na final das fitas, em que terminou em sexto lugar com 22.850 pontos, a campanha brasileira foi considerada histórica.

Repercussão e emoção
A capitã Duda Arakaki celebrou: “Acho que foi a melhor série das nossas vidas. Treinamos muito e queríamos finalizar este Mundial em casa da melhor maneira possível. Foi perfeito!”
A técnica Camila Ferezin também destacou a conquista: “Foi a coisa mais linda que já vi na minha vida. Elas estiveram perfeitas. Não há nada mais emocionante do que ver o Brasil brilhar com essa torcida.”
Entre os torcedores estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que exaltou o feito nas redes sociais. O ministro do Esporte, André Fufuca, também comemorou e reforçou que a conquista inspira milhares de jovens atletas.

Investimentos e estrutura
Segundo o Ministério do Esporte, foram destinados R$ 2 milhões para viabilizar o Mundial no Rio. Os recursos incluíram a compra de tablados oficiais, apoio à campanha que consolidou o Brasil como sede e fortalecimento da preparação das seleções. Desde 2012, os investimentos na ginástica já somam R$ 17,2 milhões.
A modalidade também foi beneficiada pela Lei de Incentivo ao Esporte, com R$ 1,9 milhão, garantindo a manutenção de 29 Centros de Treinamento no país. Além disso, em maio, o Centro Nacional de Treinamento de Ginástica Rítmica, em Aracaju, foi modernizado com apoio federal.
Destaque no individual
O Brasil também comemorou o melhor resultado da história no individual. Bárbara Domingos, a Babi, alcançou a nona colocação, superando sua marca anterior (11ª em 2023). Já Geovanna Santos estreou em finais de Mundial e terminou em 18º lugar.
Babi celebrou a conquista: “Estou realizada, com a sensação de dever cumprido. Competir no Brasil nos motivou ainda mais. Meu objetivo é deixar um legado na ginástica rítmica.”
A atleta é beneficiária do Bolsa Atleta há 11 anos. Atualmente, seis das sete ginastas que disputaram o Mundial recebem o apoio do programa.
Legado olímpico
A Arena Carioca 1, sede do evento, integra o legado dos Jogos Olímpicos do Rio 2016. A infraestrutura foi adaptada especialmente para o Mundial, reforçando o papel do Brasil como anfitrião de grandes eventos esportivos.
Com duas medalhas inéditas, recordes individuais e casa cheia, o Mundial de 2025 já é considerado um divisor de águas para a ginástica rítmica nacional.

