Em visita a Nova Délhi, Geraldo Alckmin e José Múcio Monteiro discutem parcerias em defesa, tecnologia e coprodução militar com autoridades indianas e destacam o fortalecimento da relação estratégica entre os dois países.

Por Karol Peralta
Em missão oficial à Índia, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro da Defesa José Múcio Monteiro reforçaram, na quarta-feira (15), a cooperação entre Brasil e Índia nos setores de defesa, tecnologia e indústria. O encontro com o ministro indiano da Defesa, Rajnath Singh, em Nova Délhi, marca um novo capítulo no fortalecimento das relações estratégicas entre os dois países.
A reunião faz parte da missão oficial brasileira liderada por Geraldo Alckmin, que ocorre entre 15 e 17 de outubro, com o objetivo de ampliar o comércio, atrair investimentos e gerar empregos a partir de novas parcerias em setores estratégicos. Segundo o vice-presidente, o potencial de cooperação entre Brasil e Índia ainda é vasto e deve ser explorado especialmente nas áreas de defesa, inovação e coprodução tecnológica.
“É uma grande satisfação reforçar o diálogo entre Brasil e Índia na área de defesa, setor em que compartilhamos uma visão de autonomia estratégica, cooperação tecnológica e equilíbrio global”, afirmou Alckmin durante o encontro.
O vice-presidente destacou que o Brasil atribui grande importância à realização da 2ª edição do Diálogo Político-Militar Brasil–Índia (Mecanismo 2+2), prevista para ocorrer em Brasília, dando continuidade à primeira edição, realizada em Nova Délhi no ano passado.
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, ressaltou que o aprofundamento das relações entre os dois países atende à decisão dos líderes Luiz Inácio Lula da Silva e Narendra Modi, que buscam fortalecer a cooperação bilateral em defesa e segurança. “Já estivemos com todos os comandantes conversando sobre as áreas específicas. Faltava essa reunião para avançarmos na implementação das ações conjuntas”, afirmou.
Entre os projetos em andamento estão parcerias entre as Marinhas dos dois países para a manutenção dos submarinos franceses Scorpène e a negociação de seis aeronaves E-145 da Embraer, que a Índia pretende converter em plataformas de alerta aéreo e controle avançado.
Além disso, a Embraer anunciou a abertura de um escritório regional em Nova Délhi, ampliando sua presença no mercado indiano e buscando oportunidades de coprodução, como a possível venda da aeronave multimissão C-390 à Índia, em parceria com a empresa local Mahindra Systems.
Cooperação tecnológica e autonomia em defesa
De acordo com Alckmin, há espaço para parcerias industriais e transferência de tecnologia nas áreas de sistemas aéreos, radares, munições e veículos blindados. O vice-presidente enfatizou que o Brasil busca cadeias produtivas integradas, com benefícios mútuos para as bases industriais de ambos os países.
“O momento é propício para aprofundar o relacionamento, à luz da expansão da indústria indiana de defesa e de sua estratégia de diversificação de fornecedores”, declarou Alckmin. “Acreditamos que Brasil e Índia compartilham a mesma ambição de desenvolver uma capacidade autônoma de defesa, ancorada na confiança mútua e na busca de soluções tecnológicas próprias”, completou.
Parceria estratégica e futuro das relações bilaterais
Em 2025, Brasil e Índia completam 77 anos de relações diplomáticas, sustentadas por uma Parceria Estratégica desde 2006. Os dois países cooperam ativamente em fóruns como o BRICS, o G20 e o IBAS (fórum trilateral entre Índia, Brasil e África do Sul).
A missão atual dá continuidade às decisões firmadas entre Lula e Modi durante a visita de Estado do primeiro-ministro indiano ao Brasil, em julho, e em uma ligação realizada em agosto, quando ambos definiram a meta de elevar o comércio bilateral para US$ 20 bilhões até 2030.
Também foi acordado o início das negociações para ampliar o Acordo de Comércio Preferencial Mercosul–Índia, previsto ainda para este ano.
Os cinco eixos estratégicos da relação Brasil–Índia incluem defesa e segurança, segurança alimentar e nutricional, transição energética e mudança do clima, transformação digital e tecnologias emergentes e parcerias industriais em áreas estratégicas.





