
Parceria estratégica prevê estudo para ferrovia ligando o Brasil ao Peru, impulsionando exportações e fortalecendo a integração logística sul-americana
Por Karol Peralta
O Brasil e a China firmaram, nesta segunda-feira (7), um acordo que marca uma nova fase na integração logística da América do Sul. Em cerimônia oficial realizada em Brasília, o Ministério dos Transportes, por meio da Infra S.A., assinou um memorando de entendimento com o Instituto de Planejamento e Pesquisa Econômica da China State Railway Group — o braço técnico da maior operadora ferroviária pública do mundo.
O acordo prevê estudos conjuntos para avaliar a viabilidade da construção de um corredor ferroviário bioceânico, que ligará o Brasil ao Oceano Pacífico por meio do Porto de Chancay, no Peru. O projeto integra o Novo PAC e é considerado estratégico para reposicionar o Brasil no comércio internacional, especialmente com o mercado asiático.
Uma aliança estratégica de longo prazo
Durante o evento, o secretário nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, destacou a importância histórica da parceria.
“Este não é apenas um gesto formal. É o início de uma jornada que vai conectar continentes e impulsionar o desenvolvimento com visão de futuro”, afirmou.
Segundo Ribeiro, a ferrovia terá como eixo estruturante o trecho Fico-Fiol (Ferrovia de Integração Centro-Oeste e Ferrovia de Integração Oeste-Leste), com leilão previsto para o primeiro semestre de 2026. A ideia é permitir o escoamento da produção agrícola e mineral do Centro-Oeste até os portos do Arco Norte e do Pacífico.
Já o secretário especial do PAC, Maurício Muniz, ressaltou que o projeto está alinhado às diretrizes definidas pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping, dentro da nova agenda de cooperação bilateral.
“Temos confiança de que essa colaboração técnica entre Brasil e China gerará frutos concretos. Essa é uma das prioridades do governo Lula no campo da infraestrutura”, declarou.
Infraestrutura com impacto global
A diretora de Administração e Finanças da Infra S.A., Elisabeth Braga, apontou que a empresa está pronta para fornecer toda a expertise técnica necessária:
“Nosso compromisso é desenvolver estudos robustos para alavancar o setor ferroviário e integrar o Brasil às rotas logísticas globais”.
Do lado chinês, o diretor-geral da China State Railway Group, Wang Jie, enfatizou que a parceria é baseada em “sabedoria e confiança mútua” e desejou vida longa à relação Brasil-China. A empresa é referência mundial, com a maior malha de trens de alta velocidade do planeta, e transportou mais de 1,46 bilhão de passageiros apenas nos primeiros quatro meses de 2025.
Integração continental
A iniciativa prevê não apenas a construção da ferrovia, mas a integração com rodovias, hidrovias e outros modais, visando uma malha logística conectada, sustentável e eficiente. Os estudos também consideram os impactos econômicos e ambientais, em alinhamento com os objetivos do Novo PAC e com a política de cooperação Sul-Sul.
A articulação começou em abril com uma visita técnica da delegação chinesa a obras estratégicas no Brasil, como a Fiol 1 e a Fico. Em maio, representantes do governo brasileiro estiveram na China para aprofundar o diálogo institucional e avançar na formatação da parceria.
Novo capítulo da infraestrutura brasileira
“O Brasil está preparado para liderar uma nova era de infraestrutura logística”, concluiu o secretário Leonardo Ribeiro.
“E isso será feito com engenharia de qualidade, planejamento estratégico e parcerias sólidas, como essa com a China, que tem muito a oferecer em termos de inovação ferroviária”.
Também participaram da cerimônia representantes da Casa Civil, do Ministério do Planejamento e da Embaixada da China no Brasil, consolidando o acordo como um novo marco no relacionamento bilateral.





