Com taxa de transmissão abaixo de 2%, Ministério da Saúde entrega relatório à OMS e busca certificação internacional para eliminação do HIV de mãe para filho
Por Karol Peralta
Em um marco histórico para a saúde pública, o Brasil alcançou a menor taxa de transmissão vertical do HIV já registrada. De acordo com o relatório apresentado pelo Ministério da Saúde à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas/OMS), a taxa de transmissão do HIV de mãe para filho ficou abaixo de 2% em 2023, e a incidência da infecção em crianças caiu para menos de 0,5 caso por mil nascidos vivos.
Essa conquista foi formalmente apresentada nesta terça-feira (3), durante a abertura do XV Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST), no Rio de Janeiro (RJ). O documento entregue pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, solicita à OMS o reconhecimento do Brasil como país livre da transmissão vertical do HIV.
“Provamos que o Brasil é o maior país do mundo a eliminar a transmissão do HIV da gestante para o bebê. Isso é resultado do trabalho integrado do SUS, do ativismo, da ciência e de políticas públicas consistentes”, afirmou o ministro.
🏥 SUS como protagonista na prevenção e cuidado
A redução drástica da transmissão do HIV de mãe para filho é fruto de políticas públicas eficazes desenvolvidas ao longo dos anos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testagem universal e tratamento gratuito, além de protocolos clínicos atualizados que asseguram o cuidado integral durante o pré-natal, o parto e o pós-parto.
Em 2023 e 2024, o Brasil registrou mais de 95% de cobertura em testagem de HIV em gestantes, assim como em consultas de pré-natal e início de tratamento em tempo oportuno.
Outro fator importante foi a ampliação da distribuição de testes rápidos do tipo duo, que detectam simultaneamente HIV e sífilis e são recomendados prioritariamente para gestantes.
🎯 Programa Brasil Saudável e metas da Agenda 2030
A iniciativa faz parte do programa Brasil Saudável, que visa eliminar ou reduzir 14 doenças e infecções determinadas socialmente — incluindo tuberculose, hepatites virais, doença de Chagas e tracoma. O Brasil é o primeiro país do mundo a lançar uma política governamental com esse escopo, alinhando-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.
“Estamos liderando uma mudança global na saúde pública, e os dados provam isso. O Brasil virou referência na prevenção da transmissão vertical”, reforçou Padilha.
📉 Queda na mortalidade por Aids e ampliação da PrEP
Além da redução da transmissão vertical, o país também viu queda na mortalidade por Aids, que chegou a 3,9 óbitos por 100 mil habitantes em 2023 – o menor índice desde 2013.
Outra estratégia de destaque é o crescimento no uso da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), oferecida gratuitamente no SUS, que alcançou 184.619 usuários em 2025. A PrEP é uma das ferramentas mais eficazes para prevenir novas infecções pelo HIV.
📝 Reconhecimento internacional e próximos passos
Com a entrega do relatório à OMS, o Brasil agora busca o selo oficial de eliminação da transmissão vertical do HIV, juntando-se a um seleto grupo de 20 países que já atingiram essa meta.
A expectativa é que a certificação internacional seja concedida ainda em 2025, reforçando o papel do Brasil como líder global na luta contra o HIV e fortalecendo a imagem do SUS como sistema de referência em saúde pública.
💬 Conscientização: a família precisa estar informada
Apesar dos avanços científicos e logísticos, especialistas lembram que o processo de prevenção começa com a testagem precoce e o acompanhamento durante o pré-natal. Por isso, é essencial que gestantes conversem com seus médicos e façam os exames recomendados.
A eliminação da transmissão vertical do HIV é uma vitória coletiva, mas também exige conscientização e informação da população. Com políticas públicas sólidas, engajamento da sociedade e compromisso governamental, o Brasil avança firme rumo a um futuro com menos HIV e mais saúde para todos. 🇧🇷
