
Com mais de 30 mil procedimentos em 2024, país lidera transplantes públicos e adota novas tecnologias para reduzir tempo de espera e rejeição de órgãos
Por Karol Peralta
Com mais de 30 mil transplantes realizados em 2024, o Brasil alcançou um recorde histórico no Sistema Único de Saúde (SUS), consolidando-se como o país que mais realiza transplantes no sistema público de saúde do mundo. O crescimento de 18% em comparação a 2022 foi celebrado pelo Ministério da Saúde durante apresentação do balanço anual em Brasília.
“Temos que celebrar esse recorde. É a reafirmação do Brasil como referência global em saúde pública, especialmente no acesso universal a procedimentos de altíssima complexidade”, destacou o ministro Alexandre Padilha.
Além do feito, o governo anunciou uma série de medidas para modernizar o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), ampliar o número de doações e garantir mais agilidade e segurança nas cirurgias.
🔬 Tecnologia reduz risco de rejeição
Uma das novidades é a implantação da Prova Cruzada Virtual no SUS. A ferramenta cruza dados imunológicos de forma digital para prever se o órgão doado será aceito pelo receptor, reduzindo riscos de rejeição e tempo de espera. O exame será disponibilizado nacionalmente após a publicação do novo Regulamento Técnico do SNT, prevista para setembro.
“Essa tecnologia vai otimizar o uso dos órgãos e permitir que os transplantes sejam realizados com maior rapidez e segurança”, explicou Patrícia Freire, coordenadora nacional do Ministério da Saúde.
🚑 Alocação mais eficiente dos órgãos
Outra medida importante é a reorganização das regiões de alocação de órgãos. A distribuição agora será feita, preferencialmente, entre estados da mesma região geográfica, de acordo com a malha aérea atual e os programas estaduais.
Essa mudança corrige um modelo antigo, de 1997, que considerava apenas a disponibilidade de voos em grandes centros, como São Paulo.
❤️ Mais acolhimento, mais doações
Para combater a recusa familiar, que ainda é alta no Brasil (45%), o governo lançou o Programa Nacional de Qualidade em Doação para Transplantes (ProDOT). O objetivo é capacitar profissionais para acolher e orientar melhor os familiares dos doadores.
“Como aumentamos o número de transplantes? Aumentando o número de doadores. E isso começa com o acolhimento das famílias”, disse Freire.
🏥 Transplantes inéditos no SUS
Em 2024, o SUS também passou a oferecer transplantes de intestino delgado e multivisceral, inéditos na rede pública. O procedimento é destinado a pessoas com falência intestinal irreversível e coloca o Brasil entre os poucos países que realizam essa cirurgia gratuitamente.
Atualmente, cinco hospitais já realizam o procedimento — quatro em São Paulo e um no Rio de Janeiro.
🔥 Uso de membrana amniótica em queimaduras
Outro avanço foi a incorporação do uso da membrana amniótica como curativo para queimaduras. Segundo estudos, a técnica acelera a cicatrização e reduz a dor e infecções. A tecnologia será usada também em tratamentos oculares.
💉 Mais investimentos e reajustes
O Ministério da Saúde anunciou reajustes em procedimentos relacionados ao transplante de córneas, como retirada, preservação e exames sorológicos. Os valores subiram até 50%, reforçando os bancos de olhos e ampliando a oferta de tecidos.
Mais de 85% dos transplantes no Brasil são financiados pelo SUS, que também garante gratuitamente os medicamentos imunossupressores para os pacientes por toda a vida.
📈 Números de 2024
- Doadores efetivos: mais de 4 mil
- Famílias que autorizaram doação: 55% das 4,9 mil entrevistadas
- Pessoas na fila de espera: 78 mil
- Rim: 42.838
- Córnea: 32.349
- Fígado: 2.387
- Transplantes realizados:
- Córnea: 17.107
- Rim: 6.320
- Medula óssea: 3.743
- Fígado: 2.454
🗣️ Converse com sua família
O Ministério da Saúde reforça que a doação de órgãos só é autorizada com o consentimento da família, mesmo que o desejo tenha sido manifestado em vida. Por isso, a principal recomendação é conversar com seus familiares e informar sua vontade de ser doador.