Auditores do Trabalho resgatam 104 trabalhadores em situação análoga à escravidão em Mato Grosso do Sul
Entre janeiro e outubro deste ano, operações do MTE libertaram pessoas em 13 fazendas do estado; maioria das vítimas era de origem paraguaia e vivia em condições degradantes.
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Por Karol Peralta
A atuação dos auditores-fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) tem sido fundamental no combate ao trabalho análogo à escravidão em Mato Grosso do Sul. Entre janeiro e outubro deste ano, 104 trabalhadores foram resgatados em 13 propriedades rurais espalhadas pelo estado, revelando que a prática ainda persiste mesmo com ações contínuas de fiscalização.
Os resgates ocorreram em municípios como Anastácio, Bonito, Caracol, Camapuã, Coxim, Corumbá, Deodápolis, Itaquiraí, Maracaju, Nova Andradina, Paraíso das Águas e Porto Murtinho. Em muitas dessas propriedades, as equipes encontraram trabalhadores vivendo em alojamentos precários, dormindo no chão, sem acesso à água potável e utilizando banheiros improvisados em condições insalubres.
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Dos 104 trabalhadores resgatados, 71 eram paraguaios e 15 menores de idade, o que evidencia a vulnerabilidade de imigrantes e jovens no mercado de trabalho informal. As atividades envolviam pecuária, limpeza de pastagens, construção de cercas, manejo de rebanho, colheita de mandioca e produção de carvão vegetal.
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Segundo o superintendente regional do Trabalho, Dr. Alexandre Cantero, o enfrentamento ao trabalho escravo requer vigilância constante e cooperação entre os órgãos públicos.
“O trabalho análogo à escravidão é uma chaga que ainda persiste e exige de nós uma atuação firme e contínua. Cada trabalhador resgatado representa uma vida restituída à dignidade, um passo a mais na construção de um mundo do trabalho justo e humano”, afirmou Cantero.
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)
Apesar da gravidade dos casos, Cantero destacou que houve redução em relação a 2024, quando 130 trabalhadores foram resgatados em 15 propriedades rurais.
“A diminuição nos números não deve ser vista como motivo de comemoração, uma vez que o ano ainda não terminou e as fiscalizações continuam. Nosso compromisso é com o trabalho decente e com a erradicação definitiva dessa prática criminosa”, completou o superintendente.
As operações deste ano contaram também com apoio tecnológico. Segundo o auditor-fiscal Antônio Parron, três drones foram usados para identificar alojamentos escondidos em áreas de difícil acesso.
“Os drones permitem uma visão aérea das propriedades e ajudam a localizar locais de confinamento que muitas vezes são ocultos em meio à vegetação. Essa tecnologia tem se mostrado fundamental para otimizar o tempo das equipes e garantir a segurança dos auditores durante as operações”, explicou Parron.
Em 2023, 87 trabalhadores foram resgatados em situações semelhantes, incluindo cinco menores de idade, o que mostra que o problema é recorrente e exige atuação permanente. O MTE segue promovendo fiscalizações, campanhas educativas e ações integradas com outros órgãos públicos para prevenir novas situações de exploração e garantir a reintegração social das vítimas.
Nas imagens abaixo do Ministério do Trabalho e Emprego é possível ver as condições que viviam os trabalhadores:
Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)Foto: Ministério do Trabalho e Emprego (MTE)