Por Karol Peralta
O município de Antonio João, no Mato Grosso do Sul, tem suas raízes fincadas na história de coragem e determinação de um imigrante italiano. A história começa com a chegada de Eugênio Penzo ao Brasil, vindo de Gênova, em 1900. Inicialmente estabelecido no Rio Grande do Sul, ele decidiu buscar novas oportunidades e seguiu viagem até Ponta Porã, onde formou família ao lado de Dona Carolina Wider. Juntos, tiveram 12 filhos e iniciaram uma jornada de desenvolvimento e colonização.
A Chegada e Colonização das Terras
Em busca de terras próprias, Eugênio Penzo e sua família se estabeleceram em uma região então coberta por vegetação densa. Essas terras eram devolutas, ou seja, podiam ser ocupadas e, posteriormente, requeridas junto ao governo. Em 3 de dezembro de 1936, Penzo obteve posse de uma gleba de 5.329 hectares, na região conhecida como Cabeceira dos Bugres, próxima à Antiga Colônia dos Dourados. A aquisição foi formalizada pelo interventor federal Júlio Stubing Muller.
Para organizar a ocupação, o pioneiro dividiu a terra em lotes e iniciou a construção de cercas, incentivando o trabalho cooperativo entre os novos moradores. As principais culturas desenvolvidas na região foram arroz, milho, feijão, amendoim, batata-doce, cana-de-açúcar, banana e café. O café, um dos produtos mais valorizados, era transportado até São Paulo por meio de carretas puxadas por bois, em uma viagem que durava três meses. Enquanto isso, as mulheres cuidavam das lavouras e do plantio de mandioca e milho.
A Formação do Distrito e o Crescimento da Comunidade
Com a chegada de novos moradores em busca de terras, a região passou a se desenvolver rapidamente. O deputado estadual Agapto de Paula Boeira propôs a criação do distrito de Eugênio Penzo, em homenagem ao primeiro morador da área. O distrito foi oficializado pela Lei nº 2142, em 24 de março de 1964.
O crescimento populacional trouxe novas demandas, impulsionando a criação de serviços essenciais, como escolas, cartórios, comércios e abastecimento de combustível. Em 1945, foi inaugurado o Grupo Escolar Aral Moreira, primeira escola da região, contando com professores pioneiros como Enrique Vieira, Tides Almeida e Izidio Marques.
Para garantir a segurança da colônia, um destacamento militar foi estabelecido, sob o comando do 1º tenente Orlando Sapucaia e do subtenente Gratulino. Na ausência de infraestrutura adequada, os presos eram mantidos em buracos cobertos com toras de madeira.
A Criação do Município e a Homenagem a um Herói
Com o avanço do desenvolvimento e o aumento da população, o distrito foi elevado à categoria de município, recebendo o nome de Antonio João. A denominação foi escolhida em homenagem ao tenente-cavalaria Antonio João Ribeiro, herói da Guerra do Paraguai, reconhecido por sua bravura na defesa da soberania nacional.
A criação do município foi oficializada pela Lei nº 2142, em 18 de março de 1964, entrando em vigor na data de sua publicação. A homenagem ao tenente Antonio João reforça a identidade histórica e o papel estratégico da cidade na região fronteiriça.
Antonio João é um município que nasceu da determinação de pioneiros que enxergaram na terra uma oportunidade de construção de um futuro melhor. A coragem de Eugênio Penzo e dos primeiros moradores moldou uma cidade que cresceu e se desenvolveu ao longo das décadas, mantendo viva sua história de trabalho, cooperação e progresso.
