
Agência atômica alerta que 400 kg de urânio enriquecido a 60% podem estar ocultos; material se aproxima do nível necessário para produção de armas nucleares
Por Karol Peralta
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) não sabe onde está armazenado o atual estoque de urânio enriquecido a 60% do Irã, material que se encontra a poucos passos do nível necessário para a fabricação de uma arma nuclear. O alerta foi feito pelo diretor-geral da entidade, Rafael Grossi, durante uma entrevista à CNN neste domingo (22).
Segundo Grossi, o Irã possui cerca de 400 quilos de urânio enriquecido a 60%, uma taxa muito próxima dos 90% exigidos para armamentos atômicos. A AIEA, porém, não conseguiu confirmar a localização atual do estoque e insiste para que seus inspetores possam retornar ao país com segurança.
“O Irã não escondeu que protegeu esse material”, afirmou Grossi. “Mas, no momento, não conseguimos verificar onde está armazenado nem garantir que ele esteja sob monitoramento técnico adequado”, completou.
Risco nuclear e limbo de inspeções
A ausência de acesso técnico da AIEA às instalações nucleares iranianas gera apreensão internacional. Grossi reforçou que a agência não detectou aumento nos níveis de radiação fora das três principais instalações nucleares do país, mas reconheceu que não há informações atualizadas e verificáveis sobre a real situação interna.
Ele também afirmou que a AIEA não tem conhecimento de novos ataques às instalações nucleares do Irã desde os bombardeios realizados na manhã de domingo.
Comunicações e apelo diplomático
A agência continua incentivando o governo iraniano a manter comunicação direta com o centro de emergências da AIEA, responsável por lidar com incidentes e monitoramento global.
O impasse se soma às tensões recentes entre o Irã, Israel e os Estados Unidos, especialmente após os ataques aéreos às instalações de Natanz e Fordow, que alimentaram temores de uma escalada militar no Oriente Médio.
Impacto geopolítico
Especialistas em segurança internacional alertam que qualquer ocultação de material nuclear compromete os acordos de não proliferação e pode abrir espaço para ações unilaterais de países que veem o programa nuclear iraniano como ameaça direta.
Com a diplomacia nuclear em xeque, cresce a expectativa sobre como o Irã responderá aos apelos da AIEA e se permitirá o retorno de inspetores para uma nova rodada de verificação técnica.