Representantes dos motoristas, prefeitura e Consórcio Guaicurus divergiram sobre cumprimento de liminar e uso de repasse público durante paralisação

Por Karol Peralta
A audiência de conciliação realizada nesta terça-feira (16) no Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região (TRT-24) colocou frente a frente representantes do sindicato dos motoristas, da Prefeitura de Campo Grande e do Consórcio Guaicurus, em meio à paralisação do transporte coletivo provocada pelo atraso no pagamento de salários da categoria.
Logo no início da sessão, o presidente do sindicato dos motoristas, Demétrio Freitas, foi questionado pelo desembargador do trabalho César Palumbo sobre o descumprimento da liminar judicial que determinava a manutenção de 70% da frota em circulação, sob pena de multa, inicialmente fixada em R$ 20 mil e posteriormente elevada para R$ 100 mil.
Ao responder, Demétrio afirmou que a decisão de não retornar ao trabalho partiu dos próprios motoristas. Segundo ele, a categoria enfrenta dificuldades financeiras e emocionais, o que inviabilizaria a retomada das atividades. “Trabalhador não tem condições de transportar vidas com a conta de luz cortada e sem comida na mesa”, declarou durante a audiência, ao justificar a manutenção da greve.
O desembargador César Palumbo reconheceu o desgaste enfrentado pelos motoristas, mas destacou os reflexos da paralisação para a população. Ele afirmou que é necessário buscar uma solução que concilie o direito dos trabalhadores com o interesse público, diante da dependência do transporte coletivo por milhares de usuários em Campo Grande.
Outro ponto central da audiência foi a discussão sobre os recursos repassados pela prefeitura ao Consórcio Guaicurus. Questionado pelo magistrado, o presidente do consórcio, Themis Oliveira, confirmou o repasse de R$ 3 milhões, realizado na última sexta-feira (12), mas admitiu que o valor não foi destinado prioritariamente ao pagamento dos salários atrasados dos motoristas.
Segundo Themis, o consórcio enfrenta uma situação financeira mais ampla e o pagamento de salários, isoladamente, não garantiria a retomada imediata da frota. Ele citou despesas como diesel, manutenção e outros compromissos operacionais. Parte do recurso, conforme relatado, foi utilizada para quitar débitos antigos, referentes a meses anteriores.
A audiência evidenciou a permanência do impasse entre trabalhadores e empresas, enquanto a população segue impactada pela redução da frota. Até o encerramento da sessão, não houve definição imediata sobre a normalização do transporte coletivo na Capital.





