País aumenta compras da América do Sul e retoma aquisições dos EUA em meio à trégua comercial

Por Karol Pealta
As importações de soja pela China atingiram em novembro o maior nível desde 2021 e reforçam a expectativa de que o país asiático fechará o ano com recorde histórico de compras, impulsionado pela forte oferta da América do Sul e pela retomada das remessas dos Estados Unidos após avanços diplomáticos entre os dois países.
Segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China, o país importou 8,11 milhões de toneladas de soja em novembro, alta de 13,4% em comparação com as 7,15 milhões de toneladas do ano passado. Apesar do avanço anual, os embarques recuaram 14,5% em relação a outubro.
Nos primeiros 11 meses de 2024, a China elevou em 6,9% suas compras do grão, totalizando 103,79 milhões de toneladas. Especialistas avaliam que a tendência é de aceleração no fim do ano. A analista Rosa Wang, da JCI, afirmou que as importações de novembro ficaram “um pouco abaixo do esperado”, mas seguem dentro do ritmo que deve consolidar um ano de forte demanda.
A projeção para 2025 também é otimista. Analistas estimam que as importações chinesas podem ultrapassar 110 milhões de toneladas, impulsionadas pelas compras do Brasil e pela chegada de mais cargas dos EUA.
As importações bateram recordes entre maio e outubro, período em que compradores chineses aumentaram drasticamente as aquisições da América do Sul diante do temor de que a guerra comercial com Washington persistisse. O cenário mudou após reuniões entre líderes dos dois países na Coreia do Sul, o que ajudou a destravar negociações.
A analista Wenshen, da Sublime China Information, afirma que os estoques domésticos de soja e farelo estão altos, o que aumenta a pressão de venda no mercado interno.
Para dezembro, a expectativa é de que as compras possam chegar a 8,6 milhões de toneladas, elevando o total anual para cerca de 112 milhões de toneladas, o maior volume já registrado.
A Cofco — estatal chinesa de grãos — liderou a retomada das compras dos Estados Unidos, acumulando cerca de 2,7 milhões de toneladas desde o final de outubro, conforme o Departamento de Agricultura dos EUA. Ainda assim, os embarques permanecem abaixo da meta de 12 milhões de toneladas definida pela Casa Branca. Segundo o secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent, o prazo pode ser estendido para fevereiro.
Até o momento, a China não confirmou oficialmente o volume final nem o cronograma das próximas importações.





