Endividamento cresce em Campo Grande e atinge 66,7% das famílias em novembro, aponta PEIC

Pesquisa da CNC revela avanço do endividamento, estabilidade na inadimplência e aumento no número de famílias sem condições de pagar as dívidas na capital.

Por Karol Peralta

O endividamento das famílias de Campo Grande atingiu 66,7% em novembro de 2025, alta em relação a outubro e ao mesmo mês do ano anterior. Os dados são da PEIC (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), divulgada pela CNC e analisada pelo Instituto de Pesquisa da Fecomércio MS.

A pesquisa mostra que, embora o nível geral de inadimplência tenha apresentado leve queda — chegando a 29,2% —, o número de famílias que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas aumentou para 14,4%. A economista do IPF-MS, Regiane Dedé de Oliveira, lembra que o endividamento abrange qualquer compromisso financeiro parcelado, como cartão de crédito, empréstimos, carnês e financiamentos.

Segundo ela, quando as contas são pagas em dia, o endividamento pode até ser considerado saudável, pois estimula o consumo e movimenta a economia. Porém, o cenário atual mostra que boa parte das famílias está no limite entre o controle e o acúmulo de dívidas.

Endividamento cresce e chega a 66,7%

O levantamento indica que o total de famílias endividadas subiu de 65,4% em outubro para 66,7% em novembro, representando cerca de 219 mil lares. Em comparação a novembro de 2024, quando o índice era de 65,2%, há uma tendência de alta contínua.

A pesquisa mostra ainda que:

  • 17% se consideram muito endividadas
  • 20,6% mais ou menos endividadas
  • 29,1% pouco endividadas

A pressão é maior entre as famílias de renda mais baixa: 69,5% das que ganham até 10 salários mínimos estão endividadas, contra 52% daquelas com renda superior.

Cartão de crédito segue como principal fonte de dívida

O cartão de crédito, historicamente associado ao alto custo do crédito rotativo, permanece como o maior responsável pelo endividamento: 68,7% das famílias apontam esse tipo de dívida. Outros compromissos aparecem com menor peso:

  • Carnês: 18,6%
  • Financiamento de carro: 11,7%
  • Financiamento de casa: 10,7%
  • Crédito pessoal: 10,5%
  • Crédito consignado: 8,6%

Para especialistas, a dependência do cartão mostra que uma parte da população recorre ao crédito para manter gastos básicos, o que aumenta o risco de dívida prolongada.

Inadimplência recua levemente, mas ainda afeta quase 1 em cada 3 famílias

O índice de endividamento em atraso caiu para 29,2%, uma redução pequena em relação a outubro (29,4%). Apesar disso, a inadimplência ainda é considerada alta — 43,8% dos endividados têm contas atrasadas.

Novamente, a desigualdade é evidente:

  • 47% das famílias com renda até 10 salários mínimos estão inadimplentes
  • 27,5% entre as que recebem mais de 10 salários

Cresce a parcela que não conseguirá pagar

Outro dado sensível mostra que 14,4% das famílias afirmam que não terão condições de quitar suas dívidas no próximo mês — cerca de 47 mil lares. Entre os inadimplentes:

  • 49,2% dizem que não conseguirão pagar
  • Apenas 13,5% acreditam que conseguirão quitar totalmente

Dívidas de longo prazo permanecem elevadas

A pesquisa aponta que 35,7% das famílias têm dívidas a vencer por mais de um ano. O tempo médio de atraso chega a 70 dias, enquanto 50,6% das famílias com contas atrasadas acumulam mais de 90 dias de dívida, entrando em risco de inadimplência crônica.

Comprometimento de renda reforça pressão no orçamento

O comprometimento médio da renda familiar com dívidas é de 29,5%. Em Campo Grande:

  • 15,4% gastam até 10% do que ganham com dívidas
  • 52,6% comprometem entre 11% e 50%
  • 11,9% gastam mais da metade da renda apenas pagando dívidas

Esse último grupo representa a situação mais crítica.

O que dizem os dados?

A PEIC de novembro revela:

  • Pressão contínua no custo de vida
  • Aumento do endividamento sem melhora expressiva no pagamento
  • Persistência de atrasos longos, dificultando recuperação financeira
  • Impactos sociais e psicológicos relacionados às dívidas

O cenário mostra que, embora haja algum controle da inadimplência, o peso das dívidas mensais continua crescendo — especialmente entre famílias de renda mais baixa.

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