Estudo mostra que 70% dos jovens que cresceram no Bolsa Família romperam o ciclo da pobreza

Levantamento do MDS e FGV revela que adolescentes beneficiários deixaram o programa na última década, impulsionados por educação, inserção no mercado formal e políticas de proteção social.

Por Karol Peralta

Um novo estudo apresentado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e pela Fundação Getulio Vargas revela que 70% dos adolescentes que viviam em famílias atendidas pelo Bolsa Família romperam o ciclo da pobreza, deixando de depender do benefício ao longo da última década.


O estudo “Filhos do Bolsa Família: uma análise da última década do programa”, divulgado nesta sexta-feira (5/12), mostra mudanças estruturais na vida dos jovens beneficiários. Em média, 60,68% das pessoas que estavam no programa em 2014 deixaram de receber o benefício até 2025. Entre os adolescentes, o avanço é ainda mais expressivo: 68,8% entre 11 e 14 anos e 71,25% entre 15 e 17 anos.

Para o ministro Wellington Dias, os resultados refletem o impacto direto das condicionalidades de educação, saúde e políticas de desenvolvimento social. Ele destacou que gerações inteiras passaram a alcançar níveis mais altos de escolaridade, permitindo que jovens ingressem no mercado formal e superem a pobreza.

Saída do CadÚnico e inserção no mercado formal

Além de deixarem o benefício, muitos jovens também passaram a superar os limites de renda definidos pelo CadÚnico. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos que recebiam o Bolsa Família em 2014, 52,67% deixaram o cadastro. Desses, 28,4% já possuem emprego com carteira assinada em 2025.

Entre os jovens de 11 a 14 anos, 46,95% saíram do CadÚnico e 19,10% trabalham com vínculo formal. Para o governo, esses dados demonstram que o acesso à educação, aliado a oportunidades locais de emprego, promove mobilidade social real.

Redução da pobreza entre gerações

Wellington Dias afirmou que o estudo confirma tendência apontada por outras pesquisas recentes: o Bolsa Família não desestimula o emprego, mas reforça a transição para o trabalho formal e para a autonomia econômica.

“Quando combinamos renda básica com educação, infraestrutura e emprego, o resultado aparece”, destacou o ministro.

Fatores que impulsionam a mudança

As maiores taxas de saída do programa ocorreram em regiões urbanas, em domicílios com melhor infraestrutura e entre famílias com maior escolaridade. Ainda assim, mesmo em áreas mais vulneráveis, mais da metade dos jovens conseguiu deixar o Bolsa Família.

Essa diferença está relacionada ao acesso a serviços públicos e ao cumprimento das condicionalidades, como:

  • vacinação e acompanhamento nutricional de crianças menores de sete anos;
  • pré-natal para gestantes;
  • frequência escolar mínima entre 60% e 75%, conforme a idade.

Regra de Proteção e Programa Acredita

Dois mecanismos implementados pelo Governo Federal também influenciam a tendência de redução da pobreza:

Regra de Proteção

Permite que famílias que aumentam sua renda — por exemplo, ao conseguir emprego formal — continuem recebendo 50% do benefício por 12 meses, desde que a renda per capita não ultrapasse R$ 706. A medida evita retornos abruptos ao programa.

Programa Acredita

Oferece qualificação profissional, inserção no mercado de trabalho e incentivo ao empreendedorismo.
O plano atende pessoas de 16 a 65 anos cadastradas no CadÚnico, com foco em mulheres, jovens, pessoas com deficiência, populações negras e comunidades tradicionais.

Frequência escolar alcança recorde

O Bolsa Família também registrou o maior índice de acompanhamento escolar desde 2023.
A taxa chegou a 87,7%, com 15,69 milhões de crianças e adolescentes monitorados entre agosto e setembro de 2025.

  • Crianças de 6 a 15 anos: 89,9% de acompanhamento
  • Crianças de 4 a 5 anos: 82,7%

O monitoramento é realizado pelo MDS, Ministério da Educação, estados e municípios e orienta ações de busca ativa para manter estudantes na escola.

Queda no número de alunos não localizados

Entre agosto e setembro, o número de estudantes classificados como não localizados (NLOC) — quando não há registro de matrícula ou frequência — caiu para 1,71 milhão, o menor índice desde a retomada do programa em 2023, representando 9,56% do público elegível.

O número equivale a uma redução de 25,2% em relação ao período anterior. Só entre agosto e setembro, 577 mil novos registros foram incluídos no Sistema Presença.

Integração entre redes fortalece o programa

A secretária nacional de Renda de Cidadania, Eliane Aquino, destacou que a integração entre educação, assistência social e rede territorial é fundamental para garantir o acesso a serviços essenciais e impedir o retorno das famílias à pobreza.

“A educação é o eixo principal para romper o ciclo da pobreza entre gerações”, afirmou.

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