Operação Compliance Zero mira venda de títulos falsos; presidente do banco foi preso ao tentar deixar o país

Por Karol Peralta
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (18) que o esquema de fraudes financeiras atribuído ao Banco Master pode alcançar R$ 12 bilhões, valor investigado pela CPI do Crime Organizado no Senado.
Durante a sessão, Rodrigues detalhou que a estimativa bilionária envolve práticas como a fabricação e venda de títulos de crédito falsos, núcleo da operação Compliance Zero, deflagrada após requisição do Ministério Público Federal. Segundo ele, somente na casa de um dos investigados foram encontrados R$ 1,6 milhão em espécie, reforçando a gravidade das suspeitas.
Prisões e apreensões
A operação prendeu o presidente do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros quatro diretores — Luiz Antônio Bull, Alberto Felix de Oliveira Neto, Ângelo Antônio Ribeiro da Silva e Augusto Ferreira Lima. Vorcaro foi detido no Aeroporto de Guarulhos, em um jatinho que seguia para Malta, o que levantou suspeita de tentativa de fuga.
Ao todo, foram cumpridos seis dos sete mandados de prisão e 25 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e no Distrito Federal. As autoridades investigam crimes como gestão fraudulenta, gestão temerária, organização criminosa e outras violações contra o sistema financeiro nacional.
Fraude com CDBs e títulos irregulares
De acordo com as investigações, o Banco Master vendia CDBs prometendo rendimentos até 40% acima da taxa básica de mercado. Esses retornos, porém, eram considerados irreais e configurariam fraude. Os investigadores também apuram a suposta criação de carteiras de crédito sem lastro, que teriam sido repassadas a outras instituições e posteriormente substituídas por ativos sem avaliação técnica adequada.
Liquidação extrajudicial do Banco Master
Horas depois da prisão de Vorcaro, o Banco Central determinou a liquidação extrajudicial do Banco Master, concluindo que a instituição não tinha mais condições de funcionamento. Com isso, ficam suspensas todas as operações do banco, assim como a compra que estava em curso pelo grupo Fictor Holding Financeira.
O Master já enfrentava risco de falência, resultado de alto custo de captação, operações consideradas arriscadas e um histórico de decisões questionadas pelo BC. A tentativa de compra pelo BRB (Banco de Brasília) havia sido negada pelo regulador por dúvidas quanto à viabilidade econômico-financeira do negócio.
Afastamentos no BRB
A operação também alcançou executivos do BRB. O presidente do banco, Paulo Henrique Costa, foi afastado por 60 dias por determinação judicial. Ele está nos Estados Unidos, segundo o governador do DF, Ibaneis Rocha. O diretor-executivo de finanças e controladoria, Dario Oswaldo Garcia Junior, também foi afastado.
Em nota, o BRB afirmou que sempre atuou com transparência e em conformidade com normas de compliance, prestando informações ao Banco Central e ao Ministério Público.
Investigação segue em andamento
As apurações continuam na PF e no Banco Central, que analisam o impacto da fraude bilionária sobre correntistas, investidores e instituições envolvidas. A expectativa é que novos desdobramentos ocorram nos próximos dias, especialmente sobre o volume de bens bloqueados e eventuais novas prisões.





