Delegados detalham novos elementos do caso e confirmam que morte continua sendo tratada como latrocínio, com suspeitos apreendidos e liberados durante a apuração

Por Karol Peralta
A Polícia Civil revelou que o grupo suspeito de matar o padre e advogado Alexsandro da Silva Lima, encontrado morto no fim de semana em Dourados, planejava usar a casa paroquial para festas após o crime, enquanto a investigação segue tratando o caso como latrocínio.
Novas informações sobre a morte do padre e advogado Alexsandro da Silva Lima, 44 anos, vieram à tona nesta segunda-feira (17). O sacerdote foi encontrado sem vida às margens de uma estrada no distrito industrial de Dourados no sábado (15), e cinco suspeitos já foram identificados. Segundo a Polícia Civil, o grupo pretendia usar a casa paroquial para realizar festas até que o corpo fosse localizado.
Em entrevista coletiva, os delegados Lucas Albe Veppo e Adilson Stiguitis detalharam os próximos passos da investigação. O acusado de 18 anos que confessou o assassinato relatou ter sido alvo de aliciamento sexual desde a adolescência. Diante disso, os aparelhos celulares dele e da vítima serão periciados para esclarecer as circunstâncias da relação e as possíveis motivações do grupo.
Apesar das novas revelações, a polícia mantém a classificação do caso como latrocínio, crime de roubo seguido de morte. O jovem confessou que marcou o encontro com o objetivo de roubar o carro do padre, um Jeep Renegade, que planejava vender no Paraguai por R$ 40 mil. Ele afirmou ainda ter sido forçado a praticar sexo oral antes do assassinato, cometido com golpes de marreta e facadas.
O jovem contou que conheceu Alexsandro por meio do ex-cunhado, na época com 13 anos, que também teria sido alvo de aliciamento. Segundo ele, o padre o pagava entre R$ 40 e R$ 100 para práticas sexuais e o buscava frequentemente na porta da escola. No dia do crime, receberia R$ 50.
Além do rapaz que confessou o homicídio, um adolescente foi apreendido e outro jovem de 18 anos obteve liberdade provisória. Duas adolescentes, apontadas como participantes da limpeza da casa após o crime, irão responder em liberdade.
Comoção e histórico religioso
O assassinato de Alexsandro causou forte repercussão em Dourados e Douradina, onde atuava desde 2022. Natural de Eldorado, ele tinha uma trajetória reconhecida dentro da igreja e atuação como advogado com inscrição ativa na OAB/MS. O padre já havia sido vítima de um assalto violento em 2018, quando foi rendido na casa paroquial, agredido e mantido preso em um quarto.
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) divulgou nota de pesar, destacando a dedicação do sacerdote à Diocese de Dourados, à Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Douradina e ao Regional Oeste I. A mensagem reforçou sua atuação como pároco, coordenador do clero e participante de diversas pastorais.
Fiéis de Douradina e Dourados também se manifestaram nas redes sociais, ressaltando a “marca indelével” deixada por Alexsandro e sua presença espiritual considerada acolhedora e inspiradora.
A Polícia Civil segue ouvindo testemunhas, reunindo provas e analisando o material apreendido para esclarecer completamente a dinâmica do latrocínio e estabelecer a responsabilidade de cada envolvido. O caso permanece em investigação.





