Com adesão de 50 países, o Chamado à Ação pelo Manejo Integrado do Fogo reforça o compromisso internacional de prevenir incêndios florestais e combater o desmatamento até 2030.

Por Karol Peralta
Durante a Cúpula do Clima de Belém, realizada nesta quinta-feira (6), o Governo do Brasil anunciou o Chamado à Ação pelo Manejo Integrado do Fogo e Resiliência a Incêndios Florestais, iniciativa que já conta com a adesão de 50 países e três organizações internacionais. O documento, inspirado na Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, sancionada em 2024, estabelece uma agenda global para prevenir e combater os incêndios florestais com base em estratégias sustentáveis e colaborativas.
O anúncio do Chamado à Ação pelo Manejo Integrado do Fogo coloca o Brasil no centro de uma articulação internacional que busca transformar a forma como o mundo enfrenta os incêndios florestais. A estratégia integra aspectos ecológicos, técnicos e sociais e é considerada essencial para proteger ecossistemas e comunidades vulneráveis.
O documento destaca a importância de intensificar os esforços para conter o desmatamento e a degradação florestal até 2030, compromisso firmado por quase 200 países durante a COP28, em Dubai. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), entre agosto de 2024 e julho de 2025, o desmatamento caiu 11,08% na Amazônia e 11,49% no Cerrado, consolidando o terceiro ano consecutivo de redução.
Compromisso global e ação conjunta
O chamado reconhece que os incêndios florestais são um desafio transfronteiriço e multifacetado, e propõe maior cooperação entre governos, comunidades, setor privado e academia. A meta é fortalecer o manejo integrado do fogo como prioridade global, ampliando o compartilhamento de tecnologias e boas práticas.
Além de valorizar o uso tradicional e sustentável do fogo por povos indígenas e comunidades locais, a estratégia também busca uma mudança de paradigma: de ações reativas para políticas de prevenção e resiliência.
Medidas adotadas pelo Brasil em 2025
Entre as ações destacadas pelo governo brasileiro estão:
- Contratação do maior contingente de brigadistas da história, com 4.385 profissionais (2.600 do Ibama e 1.785 do ICMBio), aumento de 26% em relação a 2024.
- Ampliação da frota aérea com 11 novos helicópteros, elevando em 75% a capacidade de transporte e em 133% o volume de água lançado sobre áreas afetadas.
- Investimentos do Fundo Amazônia, que destinou R$ 405 milhões para os Corpos de Bombeiros dos nove estados da Amazônia Legal e R$ 150 milhões para regiões do Cerrado e Pantanal.
- Sanção da Lei 15.143/2025, que permite repasses diretos do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) a estados e municípios e reduz o intervalo de recontratação de brigadistas.
- Planos de Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas (PPCDs) em todos os biomas brasileiros, com metas até 2027.
- Campanhas educativas e portarias de emergência que definem áreas de risco e fortalecem ações locais de prevenção.
Essas medidas compõem uma política nacional que busca integrar ciência, tecnologia e comunidades locais em torno de uma meta comum: reduzir os impactos ambientais e humanos dos incêndios florestais.
Avanços e desafios
O manejo integrado do fogo é hoje considerado uma das ferramentas mais eficazes para o controle de incêndios, especialmente em biomas sensíveis como o Pantanal e a Amazônia. Para especialistas, o avanço do Brasil na pauta ambiental e a adesão internacional ao chamado demonstram credibilidade diplomática e técnica no enfrentamento das mudanças climáticas.





