Durante visita à Comunidade Jamaraquá, no Pará, o presidente afirmou que preservar a floresta exige garantir renda, educação e saúde aos povos que vivem nela. A agenda faz parte da preparação para a COP30, que será realizada em Belém em novembro de 2025.

Por Karol Peralta
Na sequência da agenda de eventos que antecedem a COP30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou neste domingo (2) a Comunidade Jamaraquá, localizada na Floresta Nacional do Tapajós, no Pará. O encontro marcou mais uma etapa da preparação para a conferência climática, que será realizada em Belém, entre 10 e 21 de novembro de 2025.
Mais cedo, Lula esteve na Aldeia Vista Alegre do Capixauã, onde ouviu reivindicações e anunciou medidas para ampliar o acesso a programas federais. No sábado (1º), o presidente participou da inauguração do Porto de Outeiro e do Aeroporto Internacional de Belém, reforçando o compromisso do governo com o desenvolvimento sustentável da região amazônica.
Turismo sustentável e economia da floresta
A Comunidade Jamaraquá é reconhecida pelo modelo de turismo de base comunitária e pela produção sustentável de óleos de andiroba e copaíba, látex e biojoias, atividades apoiadas pelo Fundo Amazônia, administrado pelo BNDES. Essas práticas unem geração de renda e preservação ambiental, consolidando a comunidade como referência em bioeconomia amazônica.
Durante a visita, Lula acompanhou a extração do látex e a fabricação artesanal da borracha, conversando com os moradores sobre os desafios da economia local. Ele ressaltou a importância da COP30 para dar visibilidade global ao bioma amazônico e às comunidades que o preservam.
“A COP30 é um momento único na história do Brasil. É quando o mundo vai olhar a Amazônia com os olhos certos — enxergando o povo que vive aqui, que trabalha e cuida da floresta”, afirmou o presidente.
Preservar com dignidade
Lula destacou que manter a floresta “em pé” exige apoio econômico, educacional e de saúde para as famílias que vivem nela.
“Se as pessoas não tiverem o que comer, não vão tomar conta de nada. É nossa obrigação dar condições para que essas comunidades vivam com dignidade”, disse.
O presidente também ressaltou que as visitas pelo Pará servem para ouvir e aprender com os povos da região.
“De Brasília é difícil enxergar a realidade de quem vive aqui. Eu queria vir para aprender e conhecer de perto esse povo que mora às margens do Rio Tapajós, num lugar maravilhoso”, completou.
Educação e novas oportunidades
Entre os compromissos assumidos, Lula anunciou a criação da Universidade dos Povos Indígenas do Brasil, com sede em Brasília e campi em diferentes estados. A proposta visa ampliar o acesso de jovens indígenas ao ensino superior e fortalecer políticas de valorização cultural.
“Os meninos terminam o ensino médio e não têm faculdade para cursar. Vamos criar a universidade para garantir o direito de estudar e construir o futuro dentro de suas comunidades”, declarou.
Sustentabilidade e saber tradicional
A comunidade, formada por 47 famílias e cerca de 190 moradores, vive do manejo florestal, turismo sustentável e atividades agroextrativistas. O ex-cacique Donildo Lopes dos Santos, o Sr. Dido, de 63 anos, destaca a importância da transmissão de saberes às novas gerações.
“Se a gente não passar o que sabe adiante, se perde tudo”, afirmou, referindo-se ao trabalho com o látex e a produção de biojoias.
A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, destacou que a Flona do Tapajós, com 530 mil hectares e 1.200 famílias, é exemplo de sociobiodiversidade e economia sustentável.
“Aqui é exemplo de como manter a floresta em pé e gerar dignidade. São extrativistas, artesãos, seringueiros e muitas atividades que se combinam ao longo do ano”, afirmou.
Bolsa Verde e valorização do cuidado ambiental
A visita também reforçou o impacto do Programa Bolsa Verde, retomado em 2023, que transfere recursos para famílias em Unidades de Conservação e assentamentos sustentáveis. Na Flona do Tapajós, 650 famílias recebem o benefício, equivalente a 60% das famílias locais.
Os beneficiários se comprometem a usar os recursos naturais de forma sustentável, preservar a floresta e colaborar no monitoramento ambiental, além de receberem assistência técnica e inclusão socioprodutiva.





