Segundo dados do MDS, melhora nas condições financeiras e empregos formais levaram milhões de brasileiros a deixarem o programa, consolidando uma transição sustentável para a autonomia econômica

Por Karol Peralta
Mais de 2 milhões de famílias deixaram o Bolsa Família entre janeiro e outubro de 2025, segundo dados divulgados pela Secretaria Nacional de Renda de Cidadania (Senarc), do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS). A principal razão foi o aumento da renda por meio de empregos formais, pequenos negócios ou melhora nas condições econômicas do domicílio.
Brasil tem menor número de beneficiários desde o início do governo Lula
Dos 2.069.776 lares que deixaram de depender do programa neste ano, 1.318.214 saíram em razão da elevação da renda familiar. Outras 24.763 famílias solicitaram o desligamento voluntário, e 726.799 concluíram o período da Regra de Proteção, mecanismo que permite o recebimento de metade do benefício por até 12 meses após superar o limite de R$ 218 mensais per capita.
Em outubro, o Bolsa Família atendeu 18,9 milhões de famílias — o menor número desde o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro do MDS, Wellington Dias, destacou que o programa tem cumprido seu papel de forma sustentável, permitindo que as famílias deixem o benefício com estabilidade financeira.
“Quem entra no Bolsa Família só sai para cima, seja porque conquistou uma renda maior com o trabalho, seja porque abriu o próprio negócio. E, caso perca essa renda, retorna automaticamente ao programa”, afirmou Dias.
História de superação: da vulnerabilidade à autonomia
Um dos exemplos dessa transição é o de Carla Pereira Barros, 39 anos, moradora de Aracaju (SE). Após 14 anos como beneficiária, Carla devolveu o cartão do Bolsa Família ao concluir o curso de pedagogia na Universidade Federal de Sergipe (UFS).
“Foi uma alegria imensa ter participado do programa e fiquei mais alegre ainda quando pude devolver o cartão”, disse a professora, que enfrentou pobreza extrema e violência doméstica antes de alcançar a estabilidade.
Com o apoio do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Carla ingressou na universidade em 2017, formou-se em 2023 e hoje planeja abrir sua própria confeitaria. “Minha missão agora é mostrar que é possível”, afirma.
Programa como porta para autonomia e inclusão social
A secretária nacional de Renda de Cidadania, Eliane Aquino, enfatizou que o Bolsa Família é mais que um auxílio financeiro — trata-se de uma política que articula diferentes oportunidades de inclusão social.
“Queremos, cada vez mais, que o programa permita que as pessoas mais vulneráveis acessem políticas que elevem sua escolaridade e empregabilidade, para que tenham uma maior proteção social e qualidade de vida”, afirmou.
O caso de Carla simboliza o objetivo central do programa: quebrar o ciclo da pobreza e garantir que o progresso econômico das famílias brasileiras ocorra de maneira segura, estável e duradoura.
Análise e impacto social
A saída de 2 milhões de famílias representa uma mudança significativa no cenário da proteção social no Brasil, indicando que políticas de emprego, renda e capacitação estão produzindo efeitos concretos.
Ainda assim, o desafio permanece: garantir oportunidades contínuas de inserção no mercado de trabalho e educação de qualidade para que mais brasileiros possam conquistar autonomia sem retrocessos.





