Governo cria escritório emergencial no Rio para combater o crime organizado após operação com 121 mortos

Decisão foi tomada após reunião de Lula com ministros e autoridades federais em Brasília. Estrutura vai integrar forças de segurança e atuar na descapitalização das facções criminosas.

Por Karol Peralta

O Governo do Brasil anunciou a criação de um escritório emergencial de combate ao crime organizado no Rio de Janeiro, em resposta à operação no Complexo da Penha, considerada a mais letal da história do estado, com 121 mortes confirmadas, incluindo quatro policiais. A decisão foi tomada após reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros e autoridades federais, realizada na manhã desta quarta-feira (30), em Brasília.

Durante o encontro, foram discutidas as consequências da ação e as medidas necessárias para restabelecer a segurança pública no estado. Após a reunião no Palácio da Alvorada, o presidente determinou que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, se deslocassem para o Rio de Janeiro. Lá, os dois se reuniram com o governador Cláudio Castro no Palácio da Guanabara para oferecer apoio federal e definir ações conjuntas.

Nas redes sociais, Lula afirmou que o objetivo é atingir a “espinha dorsal do tráfico”, sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco.

“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico”, destacou o presidente.

Integração e nova estrutura de comando

De acordo com Lewandowski, o escritório será um canal direto de diálogo entre a União e o governo estadual, com foco em desfazer barreiras burocráticas e unir esforços das forças federais e estaduais. Ele afirmou que o modelo será “um embrião da PEC da Segurança Pública”, proposta pelo governo para integrar as ações policiais em todo o país.

Lula também defendeu a aprovação da PEC, enviada ao Congresso Nacional, como forma de garantir cooperação efetiva entre as forças de segurança.

“Com a aprovação da PEC da Segurança, vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”, afirmou o presidente.

Descapitalização e inteligência financeira

O novo escritório reunirá o Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (CIFRA) e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO). As equipes vão atuar na descapitalização das facções, investigando fluxos financeiros, lavagem de dinheiro e recuperação de bens obtidos com atividades ilícitas.

Lewandowski explicou que o objetivo é enfraquecer o poder econômico das quadrilhas e acelerar investigações conjuntas. “Vivemos em um federalismo cooperativo. O problema de uma unidade é o problema de todo o país”, disse o ministro.

Operação Carbono Oculto como referência

Lula citou a Operação Carbono Oculto, deflagrada em agosto, como exemplo de ação coordenada bem-sucedida. A operação chegou ao núcleo financeiro de uma quadrilha envolvida com tráfico, adulteração de combustíveis e lavagem de dinheiro, sem registrar mortos ou feridos.

Reforço de efetivo e transferência de presos

O ministro também anunciou reforço da Força Nacional, ampliação do número de peritos criminais, uso de bancos de dados de DNA e balística e transferência de líderes de facções para presídios federais.
A Polícia Federal deve intensificar a inteligência financeira e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) vai aumentar o efetivo no estado em 50% até o fim do ano, com 350 novos agentes.

O governador Cláudio Castro confirmou que as propostas foram prontamente aceitas, destacando que as forças estaduais e federais atuarão de forma 100% integrada.

“Dentro das competências de cada órgão, vamos atuar para fazer uma segurança pública voltada ao cidadão, que é o grande motivo da atuação estatal”, afirmou Castro.

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