Governador solicita ao Ministério da Justiça o envio de dez detentos ligados ao Comando Vermelho para prisões federais; operação deixou 64 mortos e intensos confrontos nos complexos do Alemão e da Penha.

Por Karol Peralta
Após o dia mais violento do ano no Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro pediu à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen) a transferência de dez presos considerados líderes de ações criminosas no estado. Segundo o governo, os detentos ordenaram ataques e bloqueios de vias durante a Operação Contenção, que deixou 64 mortos e 86 presos nos complexos do Alemão e da Penha.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, solicitou nesta terça-feira (28) à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen), vinculada ao Ministério da Justiça, a transferência de dez detentos de penitenciárias estaduais para presídios federais de segurança máxima.
De acordo com o governo, os presos seriam chefes de facções criminosas que, mesmo detidos, comandaram os ataques que paralisaram a cidade, incluindo o bloqueio de pistas, queima de ônibus e sequestros de coletivos em diferentes regiões do Rio.
⚔️ Operação Contenção e caos na cidade
O pedido de transferência ocorre após a Operação Contenção, realizada nas comunidades do Complexo do Alemão e Complexo da Penha, que resultou em 64 mortes, entre elas quatro policiais, além de 15 agentes feridos e 86 prisões. Durante a ação, foram apreendidos 93 fuzis, além de granadas e grande quantidade de drogas.
Segundo o governador, a operação foi planejada com base em investigação de mais de um ano conduzida pela Polícia Civil, com apoio do Ministério Público Estadual.
“Todos os preceitos da ADPF foram cumpridos. Sabíamos que haveria reação de criminosos da região, mas a ação foi necessária e dentro da legalidade”, afirmou Castro.
Durante a noite, agentes do Bope ainda trocavam tiros com criminosos na área de mata conhecida como Vacaria, no Complexo do Alemão, indicando que a operação ainda não havia sido totalmente encerrada.
🏛️ Diálogo com o governo federal
Mais cedo, Cláudio Castro conversou com a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, sobre a operação.
“Fui muito bem recebido pela ministra Gleisi e pelo ministro Rui Costa. Eles ofereceram ajuda do governo federal, e vamos retomar o diálogo à noite”, disse o governador.
Castro afirmou que deve conversar novamente com o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor dos Santos, antes de falar com o governo federal sobre os próximos passos.
“Segurança pública não se faz com politização. Toda ajuda será bem-vinda, desde que dentro daquilo que o estado necessita”, completou.
🚍 Ônibus usados como barricadas
A empresa Rio Ônibus informou que 71 coletivos foram usados como barricadas em diversos pontos da cidade ao longo do dia. O bloqueio fez parte da tentativa das facções de impedir o avanço das forças de segurança durante a operação nos complexos.
A Operação Contenção, segundo a Secretaria de Segurança, mobilizou mais de 2,5 mil policiais civis e militares, com apoio do Ministério Público Estadual e da Seap. O objetivo era cumprir mandados de prisão e interromper o comando de ações criminosas vindas de dentro das cadeias.





