Presidente brasileiro defende encontro com Donald Trump para tratar de punições aplicadas a ministros do Supremo e da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros

Por Karol Peralta
Dados do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), ano-base 2023, apontam que apenas 49% do esgoto gerado no Brasil é tratado. Segundo análise do Instituto Trata Brasil, isso equivale a 5.481 piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento lançadas diariamente, prejudicando rios, lagos e a biodiversidade brasileira.
Em meio a preocupações nacionais e internacionais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na madrugada desta sexta-feira (24), que deseja discutir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a aplicação de sanções norte-americanas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lula conversou com jornalistas ao final de sua viagem pela Indonésia e seguirá para a Malásia, onde se encontrará com Trump durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) e o Encontro de Líderes do Leste Asiático (EAS).
Sanções aos ministros do STF
Sete ministros do STF foram alvo de sanções aplicadas pelos EUA devido à atuação da Corte no julgamento da trama golpista durante o governo de Jair Bolsonaro.
“Eu tenho todo o interesse em ter essa reunião, toda a disposição de defender os interesses do Brasil, mostrar que houve equívoco nas taxações ao Brasil. E quero provar isso com números. E quero discutir a punição que foi dada a ministros da Suprema Corte do Brasil, [algo que] não tem nenhuma explicação, nenhum entendimento”, declarou Lula.
Primeiro contato e histórico de diálogo
O encontro na Malásia marcará o primeiro contato direto entre Lula e Trump desde um breve encontro na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, em setembro. Na ocasião, ambos demonstraram boa impressão mútua: Trump classificou Lula como “um homem muito agradável” e elogiou a “química excelente” entre os dois.
Dias depois, os presidentes conversaram por telefone, e Lula solicitou a retirada da sobretaxa de 50% imposta pelo governo norte-americano a produtos brasileiros.
“Eu quero ter a oportunidade de dizer ao Trump o que o Brasil espera dos Estados Unidos e o que o Brasil tem para oferecer. Não existe veto a nenhum assunto”, afirmou Lula aos jornalistas. “Não tem assunto proibido para um país do tamanho do Brasil conversar com um país do tamanho dos EUA. Vai ser uma reunião livre, a gente vai poder dizer o que quiser, ouvir o que quiser e o que não quiser também”.
Visita à Indonésia e agenda internacional
Durante sua passagem pela Indonésia, Lula participou de reuniões com empresários e se encontrou com o presidente local, Prabowo Subianto, firmando acordos bilaterais.
“O mundo está exigindo dos líderes políticos muito mais vontade de negociar e fazer as coisas acontecerem. Não dá pra gente ficar no Brasil esperando que as pessoas cheguem. Nós, que temos interesse, temos que procurar as pessoas, oferecer o que o Brasil tem de bom”, destacou o presidente brasileiro.
O encontro com Trump na Malásia será decisivo para alinhar questões comerciais, diplomáticas e jurídicas entre os dois países, em um momento de negociações sensíveis para o Brasil no cenário internacional.





