Senai inaugura parque tecnológico em Pernambuco com foco em transição energética e descarbonização da indústria

Com investimento inicial de R$ 120 milhões, Senai Park será inaugurado em Ipojuca e desenvolverá pesquisas em hidrogênio verde e baterias de lítio, fortalecendo a inovação e a sustentabilidade industrial no Brasil

Por Karol Peralta

O Senai Park, novo parque de inovação e tecnologia localizado em Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife, será inaugurado nesta segunda-feira (20) com o objetivo de impulsionar a transição energética e a sustentabilidade industrial no Brasil. O centro de pesquisa e desenvolvimento surge como uma plataforma de testes e simulações para empresas interessadas em tecnologias limpas e soluções de descarbonização.

O espaço, considerado um “berçário tecnológico”, abriga plantas-piloto que permitem experimentações industriais seguras, simulando processos produtivos e testando novas tecnologias antes de sua aplicação em larga escala. O Senai Park já inicia suas atividades com dois grandes projetos contratados por mais de dez empresas, somando R$ 100 milhões em investimentos.

A inauguração ocorre em um ano simbólico para o debate climático: a realização da COP30, em Belém, que reforça o compromisso global com a redução das emissões de gases de efeito estufa.


Hidrogênio verde: energia limpa e promissora

Um dos primeiros projetos em andamento no Senai Park é voltado à produção e pesquisa de hidrogênio verde, apontado como alternativa limpa e estratégica para o futuro da energia.

O centro conta com um eletrolisador capaz de produzir até 30 quilos de hidrogênio por dia, volume suficiente para abastecer quatro veículos no trajeto entre o Porto de Suape e Recife. O processo é baseado na eletrólise da água, separando o hidrogênio do oxigênio com o uso de energia renovável, o que garante o caráter “verde” do combustível.

Segundo o diretor de Inovação e Tecnologia do Senai-PE, Oziel Alves, o projeto atua em duas frentes: a produção de combustível para mobilidade e o desenvolvimento de soluções para armazenamento em células combustíveis, que permitem converter o hidrogênio em energia elétrica.

Empresas como Siemens, Neuman & Esser, White Martins, Hytron, Compesa e CTG Brasil participam da iniciativa, que posiciona o estado de Pernambuco como um dos polos de pesquisa em energia sustentável no país.


Baterias de lítio: tecnologia nacional para carros elétricos

O segundo projeto em desenvolvimento no Senai Park é o de produção nacional de baterias de lítio de baixa tensão, voltadas à crescente frota de veículos elétricos. A pesquisa é liderada pelo Grupo Moura, que investe R$ 20 milhões na criação de uma linha robotizada com capacidade para fabricar mil baterias por mês, a partir de 2026.

O Brasil ainda depende da importação de células de lítio da China, país que domina o mercado global do insumo. Segundo a diretora regional do Senai, Camila Barreto, o projeto marca um passo importante na tropicalização da tecnologia, tornando o país menos dependente de produtos importados.

A pesquisa integra o Programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, e conta com a parceria de grandes montadoras, como Stellantis, Volkswagen, Iochpe Maxion e Horse (Grupo Renault).


Energia armazenada e combate ao desperdício

Outro foco do Senai Park é o armazenamento de energia limpa, tema que ganha relevância diante do fenômeno do curtailment — quando o sistema elétrico precisa descartar o excesso de energia eólica e solar em determinados horários do dia.

Para Oziel Alves, uma das soluções seria armazenar essa energia excedente e transformá-la em hidrogênio, evitando perdas e aumentando a eficiência do sistema nacional.

“A gente poderia armazenar essa energia e depois produzir hidrogênio com o que não está sendo utilizado na rede”, explicou o diretor.


Papel da indústria na transição energética

De acordo com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso, a criação do Senai Park reforça o papel da indústria na agenda da descarbonização.

“Não se pode falar em descarbonização sem que a indústria esteja totalmente inserida no tema. Estamos trabalhando para substituir processos que emitem CO² por alternativas mais limpas”, destacou.

Com foco em inovação tecnológica, energia limpa e competitividade, o Senai Park se consolida como referência nacional na transição energética, conectando pesquisa científica e demandas de mercado.

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