Com aumento de 33% em relação a 2024, o país alcança o maior número de aprendizes desde o início da série histórica, impulsionando a inserção de jovens no mercado de trabalho.

Por Karol Peralta
O Brasil registrou, em agosto de 2025, o maior número de contratos ativos de aprendizagem profissional desde o início da série histórica. Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), são 695.228 vínculos registrados, resultado que reforça o papel da Lei da Aprendizagem (Lei nº 10.097/2000) na inserção de jovens no mercado de trabalho formal.
Em agosto, o saldo de jovens aprendizes foi de 20.252, o segundo melhor resultado do ano. No acumulado entre janeiro e agosto de 2025, o crescimento foi de 33,23% em relação ao mesmo período de 2024 — saltando de 72.300 para 96.329 novos contratos. O saldo representa a diferença entre contratações e desligamentos, e mostra que a aprendizagem profissional segue em ritmo de expansão contínua.
Aprendizagem profissional: porta de entrada para o emprego formal
De acordo com o secretário de Qualificação, Emprego e Renda, Magno Lavigne, o programa cumpre um papel decisivo na formação e inclusão social dos jovens.
“A aprendizagem é a melhor forma de inserir o jovem no mercado de trabalho, pois integra emprego, educação e qualificação profissional”, destacou.
O modelo combina formação teórica gratuita com prática profissional supervisionada nas empresas, permitindo que os participantes desenvolvam habilidades técnicas e comportamentais enquanto garantem uma remuneração proporcional ao salário mínimo por hora trabalhada.
Histórias que transformam: da feira à prefeitura
O jovem Gildo Côrrea, de 19 anos, morador de Boa Vista (RR), é um dos exemplos do impacto da aprendizagem profissional. Aos 14 anos, ele trabalhava na banca de alimentos da família e foi identificado pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).
Convidado a ingressar como jovem aprendiz no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Gildo trilhou uma trajetória de crescimento: virou estagiário em 2022 e, em 2025, foi aprovado no processo seletivo da prefeitura como cadastrador social.
“Sou muito grato ao Peti e ao CRAS, que acreditaram em mim. A aprendizagem mudou a minha vida. As crianças devem dizer não ao trabalho infantil e aproveitar essa oportunidade que abre novos horizontes”, afirmou.
Combate ao trabalho infantil e ruptura de vulnerabilidades
Para a auditora-fiscal do trabalho e coordenadora nacional de Aprendizagem Profissional, Taís Arruti, o programa é uma ferramenta essencial para romper o ciclo de vulnerabilidade social.
“Ao combater o trabalho infantil e garantir a entrada de adolescentes no mercado por meio da aprendizagem, asseguramos oportunidades e inclusão social”, afirmou.
Segundo Taís, a data do Dia das Crianças reforça a importância de garantir uma infância livre do trabalho precoce, baseada em educação, proteção e cidadania.
Perfil dos aprendizes brasileiros
Em 2025, o programa apresentou saldo positivo em todos os meses. Entre os 695.228 aprendizes ativos em agosto:
- 52,9% são mulheres e 47,1% homens;
- 322.812 se declararam pardos, 288.164 brancos, 69.815 pretos, 4.210 amarelos e 1.663 indígenas;
- 380.944 têm até 17 anos, enquanto 310.938 estão entre 18 e 24 anos.
Além disso, 3.338 pessoas com deficiência participam da aprendizagem, sem limite máximo de idade.
Direitos e garantias do jovem aprendiz
O contrato de aprendizagem assegura direitos trabalhistas e previdenciários:
- FGTS com alíquota reduzida de 2%;
- 13º salário, vale-transporte e férias coincidentes com o calendário escolar;
- jornada de até 6 horas diárias, conciliando trabalho e estudo.
Para participar, o jovem deve ter entre 14 e 24 anos e estar matriculado em uma instituição de qualificação profissional credenciada pelo MTE.
Política pública que gera impacto
Com números recordes e histórias transformadoras, o programa de aprendizagem profissional se consolida como uma das principais políticas públicas de emprego e inclusão social do país, oferecendo aos jovens formação, renda e perspectivas de futuro.





