Ex-presidente do INSS se nega a responder relator da CPMI dos desvios em descontos de aposentados

Alessandro Stefanutto usou habeas corpus do STF para permanecer em silêncio durante sessão da CPMI que investiga fraudes em descontos de benefícios do INSS

Por Karol Peralta

O ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, recusou-se a responder às perguntas do relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga desvios em descontos de aposentados e pensionistas, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), durante sessão realizada nesta segunda-feira (13).

A negativa gerou impasse entre os parlamentares e levou à suspensão temporária da reunião para tratativas entre o presidente do colegiado, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e a defesa de Stefanutto.

A decisão de permanecer em silêncio foi respaldada por um habeas corpus concedido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que garantiu ao ex-presidente o direito de não responder a questionamentos que pudessem incriminá-lo.

No início da audiência, Stefanutto apresentou um relato sobre sua gestão à frente do INSS, destacando medidas adotadas para reduzir filas de análise de benefícios e combater fraudes em descontos associativos de aposentados e pensionistas.

“Os servidores do INSS são heróis, porque entregam um serviço que, via de regra, ninguém reconhece”, afirmou o ex-presidente, ressaltando as ações de auditoria conduzidas durante sua administração.

Stefanutto disse ainda que estava disposto a responder sobre os descontos associativos, desde que os questionamentos fossem feitos de forma respeitosa.

“Não há, nessa gestão, algum ponto que possam falar disso. E se formos falar do desconto associativo, estou pronto para responder todas as perguntas, desde que elas não sejam feitas de forma desrespeitosa”, completou.

Quando o relator iniciou os questionamentos, pedindo que ele informasse quando ingressou no serviço público, Stefanutto recusou-se a responder.

“Responderei a todos os parlamentares, menos as perguntas do relator. A pergunta que o relator está fazendo é um julgamento prévio que não vou responder”, declarou.

A postura do ex-presidente levou o deputado Alfredo Gaspar a citar a possibilidade de prisão em flagrante, argumentando que calar uma pergunta não incriminatória poderia configurar falso testemunho.

Após um recesso de alguns minutos, os trabalhos foram retomados com novo entendimento: as perguntas que não tivessem caráter incriminatório seriam respondidas pela testemunha. Gaspar, então, repetiu a primeira pergunta, e Stefanutto respondeu.

“Entrei no serviço público em 1992. Na Receita Federal, fui técnico por bastante tempo e trabalhei durante um tempo no gabinete do Superintendente, não recordo o nome, pois faz tempo. Depois fiz a prova para procurador autárquico do INSS em 1999 e ingressei em 2000”, relatou, detalhando parte de sua trajetória.

Alessandro Stefanutto foi exonerado do cargo em abril, pouco depois da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Polícia Federal em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU). A investigação revelou fraudes em descontos indevidos aplicados a aposentados e pensionistas da Previdência Social.

Ainda nesta segunda-feira, também está previsto o depoimento do ex-diretor de Benefícios do INSS, André Paulo Félix Fidelis, na mesma comissão.

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