Pesquisa da EBIA revela queda histórica na fome; 26,5 milhões de brasileiros saíram da insegurança alimentar grave desde 2023. Lula destaca avanços e reforça políticas de combate à fome.

Por Karol Peralta
O Brasil atingiu nesta sexta-feira (10) o menor índice de domicílios com insegurança alimentar grave desde o início da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A constatação consta no estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado com base na Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), aplicada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc) do 4º trimestre de 2024.
Segundo o levantamento, a proporção de domicílios em situação de insegurança alimentar grave caiu de 4,1% para 3,2% entre 2023 e 2024, o que corresponde a aproximadamente dois milhões de pessoas que saíram da condição de fome em um ano. A redução foi registrada tanto em áreas urbanas quanto rurais, e em todas as regiões do país. Além disso, os níveis de insegurança alimentar leve e moderada também apresentaram queda.
O estudo também indica que o percentual de domicílios em condição de segurança alimentar aumentou de 72,4% em 2023 para 75,8% em 2024. Na prática, isso significa que 8,8 milhões de brasileiros passaram a ter garantida a alimentação cotidiana no intervalo de um ano.
Vitórias históricas
Em pronunciamento, o presidente Lula ressaltou os avanços do país no combate à fome. “Estamos vencendo a maior de todas as injustiças: a fome. O IBGE divulgou hoje que voltamos ao menor índice de lares com insegurança alimentar grave no Brasil, empatando com aquele registrado em 2013”, disse. Segundo ele, os resultados obtidos nos últimos dois anos equivalem às vitórias que levaram dez anos para serem alcançadas em seus mandatos anteriores e no mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff.
Redução em números absolutos
Entre 2019 e 2022, o IBGE não realizou pesquisas com base na EBIA, mas a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou metodologia similar. O levantamento de 2022 apontava 33,1 milhões de pessoas em insegurança alimentar grave, equivalentes a 15,5% dos domicílios. Comparando com os dados atuais, 26,5 milhões de brasileiros deixaram a condição de fome em dois anos.
“Livramos 26,5 milhões de pessoas do mal da fome. Minha obsessão é que ninguém mais passe fome no país. E não sossegarei enquanto não atingir esse objetivo”, reforçou Lula.
Políticas públicas e plano estratégico
O presidente destacou a importância do Plano Brasil Sem Fome, estratégia que inclui 80 ações e mais de 100 metas, abrangendo aumento da renda, inclusão em políticas de proteção social, ampliação da produção e acesso a alimentos saudáveis e mobilização da sociedade. “Não pouparei esforços para que o trabalhador tenha mais renda e a desigualdade seja menor. Para que todos os brasileiros e brasileiras possam fazer as três refeições do dia”, afirmou.
Lula também enfatizou ações específicas como Bolsa Família, compra e doação de alimentos pelo governo, alimentação escolar e agricultura familiar, como pilares essenciais para a manutenção da segurança alimentar no país.
Saída do Mapa da Fome da FAO
Em julho, o Brasil comemorou a saída do Mapa da Fome da FAO (Agência das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), com a redução do índice de prevalência de subalimentação a menos de 2,5% da população, evidenciando o efeito das políticas sociais implementadas.
Participação internacional
Na próxima segunda-feira (13), o presidente participará da abertura do Fórum Mundial da Alimentação 2025, em comemoração aos 80 anos da FAO. Durante o evento em Roma, Lula também inaugurará o Mecanismo de Apoio da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, iniciativa lançada pelo Brasil durante a presidência do G20, que contará com quase 200 membros e busca acelerar a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 1 (Erradicação da Pobreza) e 2 (Fome Zero).
“Voltamos em 2023 e havia 33 milhões de pessoas dentro do Mapa da Fome. Agora, acabamos outra vez em dois anos e meio. Vou à FAO para mostrar que o Brasil conseguiu reduzir a fome mais uma vez”, destacou o presidente.





