Metanol: especialistas alertam para riscos de intoxicação e cegueira após ingestão acidental

Substância semelhante ao etanol pode causar danos graves ao sistema nervoso, incluindo perda da visão, e até levar à morte em pequenas doses, alertam médicos.

Por Karol Peralta

Apesar de quimicamente muito parecido com o etanol – o álcool presente em bebidas –, o metanol representa um grave risco à saúde humana. Mesmo em pequenas doses, a substância pode causar danos irreversíveis e até levar à morte. Médicos ouvidos pela Agência Brasil alertam para os perigos da intoxicação e explicam como identificar os sintomas.

Diferença entre etanol e metanol

Enquanto o etanol é metabolizado pelo fígado e transformado em acetaldeído e depois em ácido acético, que o organismo consegue processar, o metanol gera formaldeído e posteriormente ácido fórmico. Esse último se acumula lentamente no corpo, sobrecarregando órgãos vitais e principalmente o sistema nervoso.

Segundo a oftalmologista Hanna Flávia Gomes, do CBV-Hospital de Olhos do Distrito Federal, esse acúmulo pode afetar diretamente o nervo óptico, provocando alterações na visão e até cegueira permanente.

“É importante procurar um médico logo, pois o tratamento adequado depende de exames iniciais. Doses a partir de 10 ml já podem causar cegueira”, alerta a especialista.

Sintomas e riscos

Os sintomas da intoxicação por metanol geralmente surgem 12 a 14 horas após a ingestão. Entre os sinais mais comuns estão:

  • dor de cabeça;
  • náuseas e vômitos;
  • dor abdominal;
  • confusão mental;
  • visão turva repentina ou cegueira.

O neurocirurgião André Meireles Borba ressalta que o corpo demora a metabolizar o metanol, o que faz com que os sintomas apareçam gradualmente:

“Se horas depois de beber álcool você sentir sintomas diferentes dos habituais, especialmente problemas visuais que pioram com o tempo, é sinal de alerta”, afirma.

Além das alterações na visão – como névoa ocular, intolerância à luz e manchas na visão –, os efeitos mais graves estão relacionados ao funcionamento das mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia nas células. Quando afetadas, explica Borba, ocorre uma espécie de “asfixia celular”, que pode ser irreversível.

Tratamento médico

Entre as possibilidades de tratamento estão:

  • correção da acidez do sangue com bicarbonato;
  • administração de vitaminas, como o ácido fólico;
  • uso de antídotos, como o etanol venoso;
  • e, em casos graves, hemodiálise.

Os especialistas alertam que não existem soluções caseiras eficazes e que a automedicação pode agravar o quadro.

Procure atendimento imediato

A recomendação é procurar imediatamente os serviços de urgência, que têm protocolos específicos para diferenciar tipos de intoxicação e oferecer o tratamento adequado. Mesmo em unidades locais, há redes de referência capazes de orientar o atendimento rápido.

“O metanol é uma substância extremamente perigosa. Qualquer suspeita de ingestão deve levar o paciente ao hospital sem demora”, reforça Borba.

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