Na 80ª Assembleia Geral da ONU, presidente destacou redução do desmatamento na Amazônia, defendeu o Fundo Florestas Tropicais e pediu mais ambição global contra a crise climática

Por Karol Peralta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou a tribuna da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), nesta terça-feira (23), em Nova York (EUA), para cobrar maior responsabilidade dos países diante da crise climática e destacar o papel do Brasil como sede da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá em novembro de 2025, em Belém (PA).
Logo no início de seu discurso, Lula criticou os altos investimentos militares em detrimento da pauta ambiental.
“Bombas e armas nucleares não vão nos proteger da crise climática. O ano de 2024 foi o mais quente já registrado. A COP30, em Belém, será a COP da verdade. Será o momento de os líderes mundiais provarem a seriedade de seu compromisso com o planeta”, afirmou.
Compromissos climáticos
O presidente reforçou a importância das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), que cada país assume no âmbito do Acordo de Paris.
“Sem ter o quadro completo das NDCs, caminharemos de olhos vendados para o abismo. O Brasil se comprometeu a reduzir entre 59% e 67% suas emissões, abrangendo todos os gases de efeito estufa e todos os setores da economia”, disse.
Fundo para florestas tropicais
Lula também destacou os avanços do Brasil no combate ao desmatamento e anunciou o lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, previsto para a COP30. O mecanismo funcionará como um fundo de investimento global para remunerar países que preservam suas florestas.
“O Brasil já reduziu pela metade o desmatamento na Amazônia nos dois últimos anos. Erradicá-lo requer garantir condições dignas de vida para seus milhões de habitantes. Fomentar o desenvolvimento sustentável é o objetivo do fundo que pretendemos lançar”, destacou.
ONU e Conselho Climático
Ao falar sobre governança global, o presidente defendeu que a mudança climática esteja no centro da agenda da ONU e sugeriu a criação de um conselho climático vinculado à Assembleia Geral, com poder de monitorar compromissos internacionais.
“Um Conselho com força e legitimidade dará coerência à ação climática. Trata-se de um passo fundamental para uma reforma mais ampla da ONU, que contemple também um Conselho de Segurança ampliado”, afirmou Lula.
Justiça climática e tecnologia
O presidente ainda ressaltou que países em desenvolvimento enfrentam a crise climática enquanto lidam com desigualdades históricas.
“Países ricos usufruem de padrão de vida obtido às custas de duzentos anos de emissões. Exigir maior ambição e maior acesso a recursos e tecnologias não é caridade, é justiça”, disse.
Tradição brasileira na ONU
O Brasil, como ocorre desde 1955, foi o primeiro Estado-membro a discursar na abertura da Assembleia. Lula falou após o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidenta da sessão, a alemã Annalena Baerbock.
O presidente encerrou seu pronunciamento lembrando os 80 anos da ONU, fundada em 1945, e pediu união para enfrentar os desafios globais.
“Nossa missão histórica é a de torná-la novamente portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância”, afirmou.





