Ministério da Saúde amplia proteção com dose única contra HPV, alcança 82% das meninas e 67% dos meninos e reforça estratégia de resgate vacinal

Por Karol Peralta
O Brasil atingiu uma marca histórica em 2024 ao superar a média global de vacinação contra o HPV, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre as meninas de 9 a 14 anos, a cobertura vacinal chegou a 82,83%, enquanto entre os meninos da mesma faixa etária o índice atingiu 67,26%. A média global, em comparação, é de apenas 12%.
A vacina contra o HPV protege contra diversos tipos de câncer relacionados ao vírus, incluindo colo do útero, ânus, pênis, garganta, pescoço e também contra verrugas genitais. Desde 2014, o Sistema Único de Saúde (SUS) já distribuiu mais de 75 milhões de doses, consolidando-se como uma das políticas públicas de imunização mais abrangentes do mundo.
Avanços recentes
O crescimento da cobertura é resultado da retomada do Programa Nacional de Imunizações (PNI) e de uma série de estratégias implementadas pelo Ministério da Saúde desde 2023. Entre elas estão a garantia da oferta de vacinas, mobilizações nacionais, vacinação em escolas e ações adaptadas às diferentes realidades regionais.
Entre as meninas, a cobertura vacinal passou de 78,42% em 2022 para 82,83% em 2024. No caso dos meninos, o salto foi ainda mais expressivo: de 45,46% para 67,26% em dois anos, representando um aumento de 22%.
Estratégia de resgate
Para ampliar ainda mais a proteção entre adolescentes, o Ministério da Saúde implementou a estratégia de resgate vacinal para jovens de 15 a 19 anos que não haviam recebido a dose. Até 21 de agosto, mais de 106 mil adolescentes foram vacinados.
Estados com maior número de não vacinados, como São Paulo e Rio de Janeiro, iniciaram a estratégia recentemente, e a expectativa é de aumento na adesão nas próximas semanas. O governo também fortalece parcerias com sociedades científicas, organizações não governamentais e o Ministério da Educação, promovendo vacinação em escolas, campanhas educativas e combate à desinformação.
Dose única contra o HPV
Uma das principais mudanças ocorreu em 2024, quando o Brasil adotou o esquema de dose única contra o HPV para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. A medida segue recomendações internacionais e faz parte do compromisso do país com a OMS de eliminar o câncer de colo do útero.
O objetivo global é atingir 90% de cobertura vacinal entre meninas até 2030. O Brasil, no entanto, foi além, ao incluir também os meninos na estratégia de proteção.
Imunocomprometidos e casos específicos
Apesar da adoção da dose única, pessoas imunocomprometidas — como aquelas vivendo com HIV/AIDS, pacientes oncológicos e transplantados — continuam recebendo o esquema de três doses, independentemente da idade. O mesmo se aplica a vítimas de violência sexual e usuários de PrEP entre 15 e 45 anos. Já crianças e adolescentes de 9 a 14 anos vítimas de violência sexual devem receber duas doses.
Brasil como referência mundial
Com os avanços recentes, o Brasil se posiciona como referência internacional na luta contra o HPV e os cânceres associados ao vírus. Além de superar a média global de vacinação, o país fortalece seu compromisso em reduzir as desigualdades no acesso às vacinas e garantir maior proteção às futuras gerações.