
Ministra do Meio Ambiente é alvo de falas machistas e violência política de gênero em audiência no Senado; episódio expõe misoginia institucional e desrespeito à atuação feminina na política.
Por Karol Peralta
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, protagonizou um momento tenso no Senado nesta terça-feira (27/5) ao deixar uma audiência da Comissão de Infraestrutura após ser alvo de declarações machistas por parte de senadores. O episódio, que gerou indignação nas redes sociais e entre autoridades, reforça a violência política de gênero enfrentada por mulheres no Brasil. 🧕⚖️
Durante a sessão, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) disse que queria “separar a mulher da ministra”, afirmando que “a mulher merece respeito, a ministra, não”. A fala foi recebida com revolta por Marina, que exigiu retratação imediata. Diante da negativa, ela se retirou da audiência. 😡✋
“Fui agredida fazendo meu trabalho tecnicamente”, disse a ministra à imprensa após o episódio.
🎯 Misoginia institucional escancarada
Não foi um caso isolado. Em março, o mesmo senador declarou que “tolerar Marina 6 horas sem enforcá-la” seria um desafio. As falas revelam não apenas machismo, mas uma naturalização da violência verbal contra mulheres, mesmo em espaços institucionais como o Senado Federal.
Durante a audiência, outros senadores também contribuíram para o ambiente hostil. O presidente da comissão, Marcos Rogério (PL-RO), cortou o microfone de Marina diversas vezes e disse que ela deveria “se pôr no seu lugar”. Marina respondeu: “O senhor quer que eu seja uma mulher submissa. Eu não sou. Eu vou falar.”
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) acusou Rogério de machismo, e o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), defendeu Marina e apoiou sua saída da sessão.

🧭 O contexto da audiência
A ministra foi convocada para prestar esclarecimentos sobre a criação de áreas de conservação na Margem Equatorial, região no litoral norte onde a Petrobras planeja explorar petróleo. Marina afirmou que o processo de criação dessas unidades não foi criado para inviabilizar projetos, mas que precisa ser guiado por análise técnica do Ibama, e não por pressão política. 🛢️🌱
Além da questão ambiental, Marina foi responsabilizada por travar o Projeto de Lei do Licenciamento Ambiental, apelidado por ruralistas de “Destrava Brasil”. O texto, aprovado no Senado, volta agora à Câmara. A ministra pediu mais tempo para debater os impactos da proposta com a sociedade civil.
🚧 Mulheres que não se calam
Após o ataque, Marina foi amplamente apoiada. A primeira-dama Janja da Silva escreveu:
“Impossível não ficar indignada com os desrespeitos sofridos por Marina Silva. Uma mulher reconhecida mundialmente jamais se curvará a um bando de misóginos.”
A ministra das Mulheres, Márcia Lopes, classificou o caso como “grave, lamentável e misógino” e cobrou providências do Senado. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou:
“A violência política de gênero e raça tenta nos calar todos os dias. Marina Silva foi atacada enquanto exercia sua função.”
📢 Denúncia necessária
O episódio desta terça-feira escancarou a urgência do debate sobre o machismo na política brasileira. Em um país onde mulheres ainda enfrentam inúmeras barreiras para ocupar cargos de poder, situações como essa demonstram que o respeito institucional ainda está longe de ser realidade.
Marina Silva, com sua trajetória marcada pela luta ambiental e ética, reafirma que não aceitará ser silenciada, nem como mulher, nem como ministra. ✊🌿