Durante encontro com ministros africanos, presidente reforça laços históricos, defende transferência de tecnologia e afirma que o Brasil tem responsabilidade solidária no combate à fome
Por Karol Peralta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, nesta segunda-feira (19), no Palácio Itamaraty, em Brasília, da abertura do II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. O evento marca o fortalecimento da cooperação entre o Brasil e países africanos em temas como agricultura, sustentabilidade, inovação e políticas públicas eficazes.
Em discurso enfático, Lula reforçou os laços históricos entre os dois continentes e afirmou que o Brasil tem uma dívida histórica com a África, destacando a influência africana na cultura e identidade brasileiras. “Devemos o que nós somos, a nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, ao continente africano”, declarou.
📌 Evento estratégico para o Sul Global
O encontro reúne mais de 40 delegações africanas, ministros da Agricultura da União Africana, representantes de organismos internacionais, bancos de desenvolvimento, instituições de pesquisa e organizações da agricultura familiar. O objetivo é impulsionar parcerias técnicas, troca de experiências e projetos sustentáveis que contribuam com o combate à fome e à pobreza.
“Precisamos sensibilizar o mundo sobre os 730 milhões de pessoas que ainda passam fome. Isso não é aceitável em pleno século 21”, afirmou Lula. Para o presidente, a mudança passa por decisões políticas que priorizem os mais vulneráveis. “É uma decisão de quem o Estado deve servir”, completou.
🌱 Cooperação técnica e respeito
Lula ressaltou que o Brasil pode ajudar os países africanos por meio da transferência de tecnologias agrícolas, especialmente aquelas voltadas à convivência com a seca e ao fortalecimento da agricultura familiar. “Não se paga essa dívida histórica com dinheiro, mas com solidariedade”, enfatizou.
Além de destacar a importância do evento, Lula afirmou que a responsabilidade do Brasil é tratar os países africanos com o respeito e o carinho que merecem. “Com a tecnologia que temos hoje, não há mais razão para terras improdutivas”, defendeu.
🌐 Integração internacional com foco social
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reforçou que as questões africanas fazem parte da agenda diplomática brasileira. “Temos fortalecido os vínculos com cada país africano em uma cooperação baseada no respeito e na solidariedade mútua”, destacou.
Vieira também mencionou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, que já reúne mais de 180 países, incluindo 20 nações africanas.
👩🏾🌾 Voz africana presente
A vice-primeira-ministra do Reino de Essuatíni, Thulisile Dladla, que representou as delegações africanas, agradeceu a hospitalidade brasileira e reafirmou a importância da cooperação com o Brasil. “Compartilhamos uma história de resistência e buscamos juntos justiça social, segurança alimentar e sustentabilidade”, afirmou.
🔬 Programação e metas
A programação do evento inclui visitas técnicas em Brasília e Petrolina (PE), onde serão apresentados exemplos brasileiros de sucesso em agricultura irrigada, reuso de água, bioinsumos, saúde do solo e fruticultura tropicalizada.
No encerramento, em 22 de maio, será realizado o “Diálogo de Alto Nível”, com painéis sobre políticas públicas, financiamento, inovação tecnológica e sistemas agroalimentares sustentáveis.
Entre os objetivos principais do encontro estão:
- Compartilhamento de tecnologias agropecuárias;
- Debate sobre políticas públicas como o PAA e o PNAE;
- Fortalecimento da agricultura familiar;
- Exploração de alternativas de financiamento;
- Consolidação da Aliança Global contra a Fome.
🌾 O II Diálogo Brasil-África representa um novo capítulo de aproximação entre o Brasil e o continente africano, com base na solidariedade, respeito mútuo e desenvolvimento conjunto.
