Parcerias envolvem tecnologia verde, energia renovável, semicondutores e delivery; Lula destaca fortalecimento do comércio bilateral e defende multilateralismo
Por Karol Peralta
Durante a quarta visita de Estado à China — a terceira em pouco mais de dois anos — o Brasil celebrou, nesta segunda-feira (12), a atração de R$ 27 bilhões em investimentos chineses, por meio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). O anúncio foi feito durante o encerramento do Fórum Empresarial Brasil-China, em Pequim, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Hoje demos mais um passo para fortalecer nosso intercâmbio bilateral e criar oportunidades de comércio e desenvolvimento. China e Brasil são parceiros estratégicos e atores fundamentais nos temas globais”, afirmou Lula.
Entre os principais destaques, está o anúncio da montadora GWM, que investirá R$ 6 bilhões na expansão de suas operações no Brasil, transformando o país em base de exportação para a América do Sul e México. A gigante chinesa do delivery Meituan, por meio do app Keeta, aportará R$ 5 bilhões, com previsão de gerar 100 mil empregos indiretos e criar um centro de atendimento no Nordeste.
Energia renovável e inovação tecnológica
A estatal chinesa CGN investirá R$ 3 bilhões em um hub de energia renovável no Piauí, com foco em energia eólica, solar e termosolar. A Envision, líder em tecnologia verde, destinará R$ 5 bilhões à construção do primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina, incluindo produção de SAF (combustível sustentável de aviação), hidrogênio verde e amônia verde.
Delivery, mineração e semicondutores
A empresa Mixue, maior rede de bebidas da China, planeja investir R$ 3,2 bilhões na sua entrada no mercado brasileiro, gerando 25 mil empregos até 2030. Já a mineradora Baiyin Nonferrous Group anunciou a compra da mina de cobre Serrote, em Alagoas, por R$ 2,4 bilhões.
No setor de tecnologia, a Longsys, especializada em semicondutores, confirmou investimento de R$ 650 milhões para ampliar fábricas em São Paulo e Amazonas. A DiDi, dona do app 99 Táxi, vai investir em delivery e construir 10 mil pontos de recarga elétrica para veículos no país.
Saúde, cultura e exportações
Na área da saúde, a Nortec Química firmou parcerias com empresas chinesas para investir R$ 350 milhões na produção de IFAs (Insumos Farmacêuticos Ativos) no Brasil. A Eurofarma e Sinovac criarão o Instituto Brasil-China de Inovação em Biotecnologia.
No campo cultural e comercial, a ApexBrasil firmou acordos com a Luckin Coffee para promover o café brasileiro, com a Huaxia Film para divulgar o cinema nacional, e com o supermercado Hotmaxx para vender produtos brasileiros na China.
Compromisso com o multilateralismo
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, celebrou o recorde de público: mais de 750 empresários inscritos, incluindo 200 brasileiros e 500 chineses. Viana também ressaltou a importância do apoio de governadores como Jerônimo Rodrigues (Bahia) e Rafael Fonteles (Piauí).
“Neste mundo de tensões e incertezas, o presidente Lula segue firme defendendo o multilateralismo e o livre comércio. Isso é essencial para os produtores brasileiros”, afirmou Viana.
Além disso, foram estabelecidos acordos estratégicos com empresas dos setores de energia, tecnologia, software e saúde, incluindo a Fiocruz, que investirá em produção local de insulina, beneficiando milhões de brasileiros com diabetes.
Fortalecimento das relações Brasil-China
Desde 2009, a China é o principal parceiro comercial do Brasil, com recorde de US$ 157,5 bilhões em trocas comerciais em 2023. A visita reforça o compromisso do Brasil com a diversificação de parcerias e a promoção do Sul Global como polo de desenvolvimento, inovação e sustentabilidade.
“Estamos construindo juntos um futuro mais verde, justo e tecnológico”, concluiu Lula.
